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Poder Público trata etanol e gasolina de maneira diferente

JC 196 – Tratamento desigual: enquanto o etanol não tem uma política reguladora voltada à estocagem do produto, o preço da gasolina é mantido artificialmente. “O valor do barril do petróleo chegou a US$ 148 dois anos atrás, baixou para US$ 38 e atualmente está em torno de US$ 80. Apesar dessa situação, a gasolina não teve oscilação significativa de preço nesse período”, constata o deputado federal Arnaldo Jardim.

Segundo ele, isto só acontece em razão da ação do poder público, que acaba custeando o produto nos momentos de alta. “Os dois combustíveis são tratados com critérios diferentes”, diz.

Um exemplo dessa desigualdade é a formação de estoque para um período de três meses, por parte da Petrobras, com subsídio do governo, conforme informações de Luiz Gonzaga Bertelli, diretor e conselheiro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

De acordo com ele, os estoques reguladores são utilizados, principalmente nos países desenvolvidos, para que não ocorram grandes turbulências no preço e abastecimento em consequência de imprevistos que interfiram na produção. No Brasil, torna-se ainda mais urgente a definição de uma política reguladora devido ao aumento da demanda e da oferta, segundo a opinião de especialistas da área e representantes do setor.

Luiz Bertelli prevê que o crescimento do etanol será de 127% nos próximos anos, saindo dos atuais 27 bilhões de litros para 63 bilhões, em 2019/2020. Ele observa que falta uma política reguladora com créditos subsidiados. “A atual taxa de juros é inviável”, afirma Bertelli, que é consultor de usinas e destilarias nas áreas de produção de açúcar e etanol e de empresas do setor petrolífero.

Outra questão, que dificulta a obtenção de créditos por parte de unidades sucroenergéticas está relacionada às exigências em relação às garantias. O diretor da Fiesp lembra que as usinas já dão garantias para a realização de empréstimos utilizados para a compra de máquinas, fertilizantes e outros produtos. “Apenas 20% das unidades têm capital de giro. As outras precisam recorrer a financiamentos”, diz.