Rio de Janeiro – O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) elogiou o etanol brasileiro como uma das armas para se combater o aquecimento global no Relatório de Desenvolvimento Humano 200/2008, intitulado “Combater as Alterações Climáticas: Solidariedade Humana num Mundo Dividido”.
O estudo elaborado pelo organismo este ano analisa o impacto da mudança climática no desenvolvimento dos países mais pobres e em seus esforços para a redução da pobreza, além de recomendar algumas medidas que podem ser adotadas para combater os efeitos adversos do aquecimento global.
Neste caso, o Pnud cita o etanol obtido da cana-de-açúcar como mais eficiente que os biocombustíveis produzidos por Estados Unidos e União Européia no que se refere à redução das emissões de carbono,além de ser vantajoso quanto aos custos.
“Por exemplo, o etanol à base de cana-de-açúcar pode ser produzido no Brasil pela metade do preço do etanol à base do milho dos Estados Unidos, enquanto o primeiro reduz as emissões em 70%, contra apenas 13% do segundo”, afirma o estudo.
No entanto, as políticas de mercado aplicadas ao etanol o colocam em desvantagem, “mesmo que seja mais barato para produzir, emita menos CO2 e seja mais eficiente na redução das emissões pelos
veículos”.
Eliminar as tarifas de importação impostas ao etanol brasileiro “geraria benefícios não só para o Brasil, mas também para combater a mudança climática”, recomenda o Pnud. Esta posição é defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula daSilva no artigo “Ação Nacional para Enfrentar um Desafio Global”, incluído no relatório.
“Reduzir as barreiras de importação impostas ao etanol diminuiria os custos do abatimento do carbono e permitiria alcançar a eficiência econômica no desenvolvimento de combustíveis alternativos”, afirmou Lula.
O Pnud destaca ainda que a produção do etanol “tem um limitado impacto no meio ambiente e não contribui para a destruição da floresta tropical”, já que apenas 1% do biocombustível seria original da Amazônia, com a maior parte dos cultivos localizada em São Paulo.
O desmatamento, porém, coloca o Brasil em quinto em um ranking elaborado levando em consideração apenas a emissão de CO2 deste tipo de fonte. Outra ameaça para o ecossistema amazônico é a elevação das temperaturas, que pode transformar 30% da Amazônia em savana até 2100.
As emissões de CO2 do Brasil, que conta com 2,8% da população mundial, representam 1,1% do total mundial, com uma média per capita de 1,8 tonelada em 2004.