Aqueles saquinhos plásticos transparentes, já picotados, que auxiliam o consumidor na compra de frutas e verduras em supermercados, passarão a ser fabricados a partir de polietileno “verde”, que usa etanol de cana-de-açúcar como matéria-prima 100% renovável. O produto será lançado no final de 2010 pela gaúcha Acinplas, fabricante de filmes plásticos.
A empresa firmou parceria com a Braskem, líder em resinas termoplásticas na América Latina, que está construindo, no Polo de Triunfo, Rio Grande do Sul, a primeira unidade industrial do mundo a utilizar etanol de cana para a produção em escala comercial de eteno e polietileno de origem renovável. O investimento é estimado em cerca de R$ 500 milhões.
A unidade terá capacidade anual para produzir 200 mil toneladas de eteno, volume equivalente de polietileno fabricado em unidades industriais já existentes no próprio Polo. A partida da nova planta está prevista para o quarto trimestre de 2010 e o início da operação comercial, para o começo de 2011.
Os filmes plásticos “verdes” da Acinplas serão transformados em um produto licenciado sob a denominação de Sistema Unisold, utilizado pelas unidades administradas pela empresa – Koba, Plasa, Suzuki, Tashiro&Takata e Voti. O sistema já está disponível nos principais supermercados do Brasil e da Europa, pois fornece sacos picotados, de forma prática, para acomodar os alimentos.
“Vimos a possibilidade de agregar valor à linha de produtos do grupo com o uso de matéria-prima de fonte renovável”, disse o diretor da Acinplas, Erich Wendler. Segundo o presidente da Braskem, Bernardo Gradin, para cada quilo de plástico renovável produzido, 2,5 quilos de CO2 deixam de ser emitidos na atmosfera, considerando toda a cadeia de produção.
Outros projetos verdes
A Dow Rohm and Hass, líder mundial na produção de polietileno verde, está investindo na fabricação de plásticos mais flexíveis, produzindo embalagens maleáveis, como pacotes de fraldas e xampus. De acordo com o diretor comercial da empresa, Diego Donoso, além de ser 100% reciclável, o plástico feito de etanol também pode ser convertido em diesel. “Existe um imenso potencial energético nos lixões das grandes cidades”, observa.
A evolução tecnológica também possibilita transformar açúcar em polihidroxibutirato (PHB), um plástico reciclável e também biodegradável. A aposta é da PHB Industrial, empresa especializada na produção e transformação de biomassa em produtos para a indústria química, ligada à usina da Pedra, em Serrana, no interior paulista.
O PHB é usado, por exemplo, para fabricação de tampa da garrafa “pet” injetada. Já existe também polímero biodegradável para fazer garrafa. Outra técnica é a termoformagem, para fazer embalagens de alimentação, além da extrusão de chapas e de fibras para atender a indústria automobilística (espelho retrovisor, painéis de carros etc.).
De olho no mercado, a empresa já planeja ampliar capacidade de produção anual das atuais 50 toneladas para 36 mil toneladas nos próximos dois anos. Segundo o diretor da empresa, Sylvio Ortega, da produção total, apenas 5% ficará no mercado interno e o restante será exportado para Europa, Estados Unidos e alguns países da Ásia, como o Japão.