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Plantio direto ocupa 45% das terras cultivadas no país

O “plantio direto”, técnica que ajuda a conservar as características químicas, físicas e biológicas do solo, também conhecida por “prática conservacionista” já ocupa cerca de 45% das terras cultivadas no país. É o que garantem especialistas que participaram do Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, realizado em julho em Ribeirão Preto. A assessoria de imprensa do congresso, explica que a técnica foi primeiramente empregada nos Estados Unidos, e introduzida no Brasil por agricultores paranaenses há cerca de 30 anos.

A cobertura vegetal do solo, dentro do sistema de plantio direto, tem sido empregada como forma de evitar o desgaste pela erosão, inclusive eólica. Segundo o professor Ciro Rosolem, presidente do Congresso, na época da colheita, após a retirada dos grãos (por exemplo de milho), não mais são retiradas as palhas com vistas à preparação do solo para o próximo plantio. “Esse sistema de revolver a terra, como se faz convencionalmente, implica em alteração de propriedades importantes da terra. Com o tempo ela começa a apresentar sinais de desgaste”, afirma Rosolem.

Rosolem diz que a palha do milho, uma vez mantida no solo, assume diversas funções. Ao cobrir a terra, ela previne a erosão eólica, fato comum no interior do País. Acontece quando o vento levanta uma fina camada de pó, levando junto todo o nutriente do solo. Essa erosão eólica ocorre de forma gradativa e só é percebida quando a produção começa a cair. O “plantio direto” também evita a erosão pela chuva. O impacto da água da chuva no solo causa a dispersão da argila, aquele pó rico em nutrientes. Quando a argila volta ao solo, ela se dissolve na água e se perde. A argila é o componente mais ativo do solo, onde estão os nutrientes e a matéria orgânica.

Outro benefício do “plantio direto”, apontado por Rosolem, é a mitigação do aquecimento global, o que os especialistas estão chamando de “seqüestro de carbono”. O carbono de que a planta necessita para crescer, ela busca no ar e o armazena em forma de oxigênio. “Parte desse carbono se transforma nos grãos que consumimos e parte fica no campo, transformado em matéria vegetal. O carbono retirado do ar pela planta é justamente aquele que lançamos, em conseqüência de nossas atividades diárias, entre elas, a queima do petróleo, do lixo, da cana”.

Para o especialista, o plantio direto é uma forma de diminuir o efeito estufa. Ele prende o gás carbônico do ar na vegetação.

Para o professor, ao se degradar, a cobertura que fica na terra se transforma em material orgânico. Esse material servirá como adubo natural e implicará em menor utilização de insumos. “O sistema conservacionista contribui para a regeneração do solo, com menor custo e maior rentabilidade. E nada disso se consegue sem pesquisa e sem investimento. Essa forma de cultivo implica no uso da rotação de culturas, importante prática para evitar a formação de habitat de pragas e uma maneira de aproveitar melhor os nutrientes do solo”, lembra Rosolem.

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