De acordo com a consultoria Canaplan, a queda da produtividade agroindustrial média do setor foi expressiva nos últimos dez anos. Considerando somente a região Centro/Sul, por exemplo, a perda foi de cerca de 2 toneladas de ATR/ ha. Isso, porque por uma série de razões os canaviais não receberam os investimentos necessários e as perdas foram impressionantes. Entre as consequências disso tudo, destaca-se a questão das falhas no plantio de cana.
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Essa também é a conclusão do especialista Julio Marcos Campanhão, da Agrocamp. De acordo com ele uma das principais causas da produtividade agrícola da cana-de-açúcar estar abaixo do potencial do solo, assim como a redução da produtividade ao longo dos cortes, são as falhas presentes nestes canaviais. “Falhas oriundas de todos os processos de plantio de cana, como também de fatores não controlados. Porém, a maior representatividade está relacionada com a gestão agrícola no planejamento. Além da execução e condução das atividades relacionadas aos processos de produção”, afirma Campanhão.
Mas qual é exatamente a falha no canavial que traz prejuízo?
Define-se falha como um espaço na linha de plantio de cana sem a presença da planta. Com o advento das MPB, (Mudas Pré-brotada) plantadas com 50-75 centímetros entre plantas obtiveram-se bons resultados em canaviais bem formados, com ótimo stand e produtivos. Isso, leva a conclusão de que as falhas de brotação acima de 1,2 metros, são as que trazem prejuízos econômicos para o produtor. Ao passo que elas devem ser mensuradas e replantadas. “Na prática, observa-se que tem produtores que replantam falhas superiores a 1,0 metros e outros superiores a 2,0 metros, neste caso com o canavial original mais desenvolvido”, esclarece o especialista da Agrocamp.
Como a falha no canavial impacta a produtividade
De acordo com Campanhão, a queda de produtividade ao longo dos cortes é atribuída a uma série de fatores. Entre os quais estão: envelhecimento do canavial; clima adverso e degenerescência da variedade, mas o principal fator são as falhas oriundas dos processos de produção. Para dar embasamento nesta tese ele cita-se o exemplo de um produtor de cana-de-açúcar referência em manejo varietal, em controle de pragas, doenças, plantas daninhas, nutrição e fisiologia vegetal, e que, mesmo assim, a produtividade agrícola (média das últimas três safras) tem redução ao longo dos cortes.
Estagios de corte |
Média TCH |
T/ha mês |
Variação (%) |
1º Corte |
137,1 |
10,0 |
|
2º Corte |
121,9 |
10,0 |
0 |
3º Corte |
115,0 |
9,5 |
-5 |
4º Corte |
113,8 |
9,4 |
-6 |
5º Corte |
105,5 |
8,8 |
-12 |
Demais |
96,9 |
8,1 |
-19 |
Pela tabela nota-se que no 1º e 2.º cortes o produtor tem uma produtividade de 10,0 t/ha/mês. A partir do 3º corte a produtividade reduz para 9,5 t/ ha/mês, redução de 5,0% em relação ao 2º corte. No 4º corte sua produtividade é de 9,4 t/ha/mês, no 5º corte 8,8 t/ha/mês e nos demais cortes 8,1 t/ha/mês, uma redução de 19% em relação ao 2º corte, o que leva a concluir que essa redução tem como fator principal as falhas de brotação. Uma vez que esse produtor é uma referência em produção de cana-de-açúcar. A colheita do 1º corte é realizada com 14 a 15 meses e as soqueiras com 12 meses, segundo informações disponibilizadas pelo especiliasta.
Então, o que é preciso fazer antes do replantio para baixar os custos?
Para Julio Marcos Campanhão, da Agrocamp é preciso quantificar as falhas com mais precisão. “O recomendado é ter um índice de falhas mais preciso possível para tomada de decisão sobre a viabilidade do replantio. No mercado já existem empresas que fazem este trabalho, mas requer muito cuidado no momento do levantamento evitando assim erros de interpretação dos resultados”, alerta.
Ele cita o que um trabalho competente de mensuração de falhas deve conter. “O levantamento consiste em mapear as falhas existentes nos canaviais, quantificando, georreferenciando e até mesmo classificando as falhas por diferentes comprimentos. Esse levantamento é realizado através do uso de imagens de alta resolução obtidas por VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) onde é possível monitorar todo o canavial tendo como produto um orto mosaico que posteriormente será utilizado dentre outras finalidades para identificação das falhas e anomalias existentes no canavial”, explica Campanhão. Desta forma – segundo ele – é possível baixar os custos e trabalhar no replantio obtendo alto valor de produtividade.
É possível saber mais sobre plantio e replantio de cana
A Quarta Técnica JornalCana apresentou Inovações no Plantio e Replantio de Cana-de-Açúcar. O evento online aconteceu dia 16/9 às 19h. Além de Julio Marcos Campanhão, da Agrocamp, que apresentou mais detalhes sobre falhas no canavial e replantio de cana, o evento contou com as presenças de:
- Alecio Cantalogo Junior, gestor operacional de produção agrícola da Bevap
- Kamyro Bastos, superintendente agrícola na BP Bunge Bioenergia
- Renato e Ricardo Delarco, produtores e fornecedores de cana da Usina Nardini
- Rodrigo Corrêa, diretor agrícola da Usina Lins
Assista na íntegra:
Patrocínio:
DMB — A marca da cana
HB Saúde – Humanização e Tecnologia em Saúde
Pró-Usinas – Empresa do Grupo ProCana focada em tecnologia e inovação de resultados para as usinas
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