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Plano estadual de ação climática aposta no biometano para redução de emissões

São Paulo projeta corte de 45 megatoneladas de CO₂ até 2050, com foco no setor sucroenergético e na produção de biometano

Dutos da unidade de processamento de gás natural no pólo industrial de Guamaré
Dutos da unidade de processamento de gás natural no pólo industrial de Guamaré

O Estado de São Paulo incorporou a produção de biometano, proveniente do setor sucroenergético, ao seu Plano de Ação Climática, com o objetivo de mitigar as emissões de CO₂ até 2050. O plano visa reduzir em 24% as emissões de gases de efeito estufa em relação a 2023, o que equivale a um corte de 45 megatoneladas de CO₂.

“São Paulo possui 57% de participação de fontes renováveis em sua matriz energética, puxado principalmente pelo setor sucroenergético, enquanto a média nacional é de 48%”, destacou Carina Lopes Couto, superintendente de regulação de gás canalizado da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), durante o 3º Encontro Migratio de Energia e Gás realizado em setembro, em Santa Gertruders-SP.

O uso do biometano e do bagaço de cana-de-açúcar são apontados como os principais motores dessa estratégia de mitigação. “Existe um enorme potencial para o biometano, e o estado tem feito um esforço significativo para ampliar sua escala de produção”, afirmou Couto. Entre as unidades em destaque no estado, estão a do Grupo Cocal, em Narandiba, a Santa Cruz, do Grupo São Martinho, em Américo Brasiliense, e a Costa Pinto, do Grupo Raízen, em Piracicaba.

Carina também explicou que o Plano de Ação Climática de São Paulo está estruturado em cinco eixos principais, sendo o setor de energia um dos mais importantes. “Cada eixo possui metas claras e ações estruturantes para garantir o atingimento das metas até 2050”, disse ela.

O perfil das emissões no estado difere do restante do país. “No Brasil, as maiores fontes de emissões são as mudanças no uso do solo e o setor agropecuário. Já em São Paulo, o transporte e o setor de energia, especialmente o uso de diesel, lideram as emissões”, explicou Couto.

O plano também contempla ações de adaptação e resiliência climática, levando em consideração as vulnerabilidades regionais. “Temos programas e projetos estruturantes que se alinham à agenda global de mudanças climáticas”, afirmou.

Se nenhuma ação for tomada, São Paulo poderá atingir 213 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes até 2050. No entanto, com o plano em curso, o estado pretende reduzir esse número para 117 milhões de toneladas em 2030 e, eventualmente, 45 milhões em 2050. Para alcançar a neutralidade de carbono, tecnologias como a captura de carbono e a aquisição de créditos de carbono serão fundamentais.

Outro avanço importante mencionado por Couto foi o mercado regulado de carbono, que está sendo discutido no parlamento. “Há grandes desafios, mas também oportunidades para a indústria, especialmente no mercado de carbono”, disse.

A superintendente ressaltou ainda que a CETESB já publicou dois procedimentos regulatórios para o setor: um sobre a produção de biometano a partir de resíduos do setor sucroenergético e outro sobre o armazenamento e transporte do gás. Esses avanços são parte de um esforço maior para consolidar o biometano como uma solução viável e escalável no estado.

O plano estadual de energia até 2050 é o primeiro do país com uma trajetória subnacional tão ambiciosa, servindo de exemplo para outras regiões e setores do Brasil.