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Plano de emergência será acionado

O governo brasileiro está em alerta, mas só pretende acionar um plano de contingenciamento do gás natural caso a situação da Bolívia se prolongue além da próxima quinta-feira, afirmou ontem o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. Conversei com o ministro (boliviano) Carlos Villegas por telefone e ele ratificou que o governo boliviano está se esforçando para solucionar a situação o mais rápido possível, mesmo porque o próprio mercado interno da Bolívia poderia ser prejudicado. O prazo até quinta-feira, segundo ele, existe por causa de uma espécie de estoque localizado em toda a extensão do duto. Esse volume que fica armazenado dentro do gasoduto pode abastecer normalmente o País por uns quatro dias a partir de domingo, considerando que no final de semana o volume de consumo no Brasil cai bastante. Rondeau também se disse tranqüilo quanto à possibilidade de o plano de contingenciamento ser acionado. Desenvolvido pelo Ministério de Minas e Energia em parceria com a Petrobrás e com o Operador Nacional do Sistema (ONS), o plano começou a ser desenvolvido há cerca de um ano, desde o decreto de nacionalização das reservas bolivianas.

Ele lembrou que no ano passado o plano foi acionado por causa de um acidente que provocou o rompimento de um gasoduto na Bolívia. Na época, o envio do combustível para o Brasil foi reduzido de 26 milhões para 20 milhões, sem prejuízos para o País, frisou o ministro.

PRIORIDADE

Plano foi acionado no ano passado, após acidente que rompeu gasoduto

Ainda segundo o ministro, a prioridade número 1 dentro do plano de contingenciamento é o consumidor final, especialmente o residencial. Os primeiros cortes ocorreriam em usinas térmicas, que hoje somente estão sendo utilizadas para dar maior confiabilidade ao sistema elétrico nacional.

Uma segunda medida seria a adoção de outro combustível nas unidades de refino da Petrobrás, o que, segundo especialistas do mercado, já poderia reduzir entre 2 milhões e 3 milhões de metros cúbicos o consumo do combustível importado.

Há ainda uma terceira medida, que seria a negociação direta com indústrias que possuam caldeira bicombustíveis. Essas indústrias passariam a utilizar outro combustível, como o óleo diesel ou o óleo combustível, em substituição ao gás natural, disse o ministro, esquivando-se, entretanto, de responder quem arcaria com os custos mais elevados dessa troca de combustível.

No caso específico da termelétrica de Cuiabá, principal afetada com o corte do fornecimento do gás boliviano, Rondeau explicou que não precisará nem mesmo haver a substituição, e sim o desligamento da unidade.

Essencial em época de seca, e capaz de gerar 500 MW, consumindo 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás, a usina está operando com a metade dessa capacidade, apenas para manter a confiabilidade do sistema elétrico nacional.