Antes da safra propriamente dita, a Usina Pitangueiras, na cidade paulista de mesmo nome, inicia em abril a cogeração de eletricidade com cavaco de madeira. Essa matéria-prima vem, em parte, dos pés velhos de laranja da região, que são arrancados após 35 a 40 anos de vida.
O diferencial no preço do cavaco da laranja é sua baixa umidade, na comparação com outros tipos de cavacos, e mesmo com o bagaço de cana. “Vamos aceitar receber cavaco de laranja com no máximo 25% de umidade”, afirma João Henrique de Andrade, diretor da Usina Pitangueiras.
Clique aqui e saiba como será a safra da Pitangueiras
Para medir o teor de umidade, é colhida amostra e levada a laboratório. A cada 15 dias é fechada tabela com crédito e débito: se o material vier abaixo de 25%, a usina paga prêmio ao fornecedor. Se vier acima desse percentual, há desconto.
No começo de fevereiro, a Andrade contratou cavaco de laranja a 25% de umidade e com a tonelada a R$ 167,50. É um preço médio que vem se mantendo.
Já o cavaco de eucalipto deixou de interessar para a Pitangueiras devido ao corte no preço estabelecido pelo megawatt-hora (o chamado PLD, de R$ 388 por MWh).
“Em 2014, pagamos R$ 148 pela tonelada do cavaco de eucalipto, mas fiz operação grande”, diz Andrade. “Piquei tudo dentro da usina e os custos ficaram menores, como, por exemplo, o uso de diesel, que ficou por minha conta e gastei menos.” No mercado, em 2014, a tonelada do cavaco de eucalipto chegou a R$ 200.
Em termos de poder calorífico, com a mesma umidade o cavaco da laranja supera o do eucalipto.
Ainda sobre mercado, em 2014 a tonelada de bagaço colocada na Usina Andrade foi oferecida a R$ 210.
Sobre resultados: no caso da Andrade são necessárias três toneladas de bagaço para 1 MWh. No caso do cavaco de laranja, com umidade entre 20% a 25%, a produção de 1 MWh exige 1,8 tonelada.
O bagaço, conforme Andrade, tem em média 1,7 mil calorias por tonelada, enquanto a tonelada de cavaco de laranja chega a quase 3,6 mil calorias por tonelada.
Para este ano, a oferta de eletricidade cogerada pela Pitangueiras deve crescer mais por conta da economia de vapor na moenda, trabalhar só com desfibrador e pelo fato de a usina trabalhar na safra a ser iniciada com 100% de cana picada.
“Como meu picador é a vapor, a sobra será usada para tocar uma turbina que administra a água da caldeira e desliga o motor”, diz. “Assim, o vapor economizado na caldeira de 21 quilos será injetado para fazer eletricidade.” Essa economia deve gerar um ganho de quase 0,5 megawatt (MW).
Pelas contas de Andrade, o excedente de eletricidade cogerada neste ano deve ficar em 17 MWh para vender ao mercado. No ano passado, foram 16,2 MWh e, em 2013, 15 MWh.
Para transmitir a energia excedente cogerada, a Pitangueiras conta com duas linhas de 9 MW cada.