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PIB brasileiro cresce apenas 2,3%

O PIB brasileiro cresceu apenas 2,3% em 2005, menos da metade do resultado de 2004, que ficou em 4,9%. O resultado brasileiro de 2005 foi o segundo pior da América Latina, e só superou o do Haiti. A renda per capita cresceu 0,8% em 2005.

A forte desaceleração dos investimentos, que cresceram apenas 1,6%, e o mau desempenho da agricultura foram os principais fatores que levaram à brusca desaceleração da atividade econômica no ano passado. Segundo Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desaceleração do PIB, na parte da demanda, foi obviamente no investimento. Ela também considerou óbvio que as altas taxas de juros e o câmbio valorizado foram freios para os investimentos e a produção industrial.

Em 2005, entre os componentes da produção, a agropecuária cresceu 0,8%, a indústria 2,5%, e os serviços, 2%. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 3,1%, o consumo do governo 1,6%, e os investimentos, 1,6%. Também pela demanda, as exportações tiveram expansão de 11,6%, e as importações (que contam negativamente para o PIB), de 9,5%.

A agropecuária teve, em 2005, o pior desempenho desde 1997, quando apresentou queda de 0,8%. O ano foi muito afetado pela quebra de safra e pela febre aftosa no quarto trimestre, principalmente em Mato Grosso do Sul, disse Rebeca, Em 2005, as lavouras com pior desempenho foram as e milho, café, arroz, fumo, laranja e algodão. Cana-de-açúcar, soja e mandioca foram as que mais cresceram, embora a expansão da soja tenha sido bem menor do que o esperado.

Na indústria, o melhor desempenho foi no segmento extrativo mineral, que cresceu 10,9%, puxado pelos setores de petróleo e gás (11,4%) e de minério de ferro (11,1%). Foi um grande salto em relação a 2004, quando este setor caiu 0,7%, por causa da paralisação de plataformas de petróleo para manutenção. Em 2005, a indústria extrativa mineral teve o seu melhor desempenho de toda a série histórica, iniciada em 1991.

A indústria de transformação, porém, que é responsável por pouco mais de 60% do PIB industrial, cresceu apenas 1,3% em 2005, depois de ter experimentado uma forte expansão de 7,7% em 2004. Nesse caso, o que pesou mais, segundo o IBGE, foram as altas taxas de juros e a valorização do câmbio. A Selic (taxa básica de juros) média de 2005 ficou em 19,1%, comparada com os 16,3% em 2004.

Rebeca observou que alguns dos setores industriais que mais se destacaram na alta das importações também foram aqueles em que houve mais desaceleração do crescimento, como o de laminados de aço e de outros produtos metalúrgicos.

Isto é uma evidência de que o câmbio valorizado está levando à substituição de produção nacional por importações, desacelerando a atividade nestes setores. Este efeito sempre é muito importante nos produtos intermediários, disse Rebeca.