Mercado

Petróleo sobe para o maior nível em dois anos

Com a guerra entre os Estados Unidos e Iraque ficando cada vez mais próxima por causa das declarações do chefe da missão da ONU, Hans Blix (ver matéria na página A-12), as cotações de petróleo e ouro subiram e o dólar se desvalorizou em relação ao euro. O barril de petróleo alcançou o maior preço em dois anos.

Na Bolsa Internacional de Petróleo (IPE), a alta foi de US$ 0,44 (1,39%) e o barril do tipo Brent foi negociado a US$ 32,05. Já na Bolsa Mercantil de Nova York, o petróleo do tipo leve foi cotado a US$ 33,67 o barril, alta de US$ 0,45 (1,36%). “A reação do mercado aos comentários de Blix mostra o quanto os operadores estão nervosos”, disse um analista do Commerzbank, Steve Turner.

Para agitar ainda mais o mercado, o governo americano anunciou que as reservas americanas de petróleo estão no menor nível em 20 anos por causa da greve geral na Venezuela.

O euro também está batendo recordes. A moeda rompeu a resistência em US$ 1,06 e terminou o dia em Nova York sendo cotada a US$ 1,0617, o maior nível desde outubro de 1999.

O ouro, considerado um porto seguro nos momentos de crise, não ficou atrás e também alcançou cotações recordes. A onça-troy do metal foi negociada a U$S 358,10 em Nova York, o maior preço em seis anos.

Apesar da tensão pré-guerra, os americanos tiveram boas notícias na economia doméstica: a inflação permanece sob controle e o desemprego parece está diminuindo.

O Departamento do Trabalho informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, pelas iniciais em inglês) subiu 0,1% em dezembro, abaixo das expectativas dos analistas, de que houvesse aumento de 0,2%.

O núcleo do índice, sem os itens de energia e alimentos, considerados voláteis, também subiu 0,1%, ficando em linha com os prognósticos. Os grandes descontos que as as revendedoras de carro têm dado explicam em parte porque o índice está tão baixo.

Para os consumidores, uma inflação quase inexistente é uma das únicas vantagens de uma economia desaquecida. Já para as indústrias talvez não seja bom, pois os lucros podem ficar ameaçados com a dificuldade em aumentar os preços.

Quanto à situação do desemprego, o Departamento do Trabalho informou que o número de americanos que deram entrada a pedido iniciais de auxílio-desemprego caiu pela segunda semana consecutiva na semana passada, mas o governo voltou a atribuir o declínio a fatores sazonais e não a um indicativo de melhora das condições do mercado de trabalho.

O departamento registrou queda de 32 mil no número de solicitações, para 360 mil, na semana passada. A média da quadrissemana, que ameniza flutuações sazonais, caiu em 19.500, para 387.500.

Os números provocaram surpresa em Wall Street, já que a estimativa consensual era de que houvesse aumento de 11 mil no número de solicitações do benefício. Apesar desses poréns, há analistas comemorando. “Não há inflação e as pessoas não estão sendo demitidas tão rapidamente, então esses resultados me parecem bons”, disse o economista-chefe da Swiss Re em Nova York, Kurt Karl. (O Estado de São Paulo)