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Petróleo e álcool mudam a pauta exportadora

As pautas de exportação e da produção industrial brasileiras, nos últimos dez anos, apresentaram um movimento de concentração em setores intensivos em recursos naturais, com destaque para o setor de petróleo e álcool. Esta é a principal conclusão do estudo do economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Fernando Pimentel Puga, divulgado ontem no boletim Visão do Desenvolvimento nº 33.

“Essa concentração ocorreu em detrimento da perda de importância dos setores intensivos em trabalho, que, já em 1996, tinham menor relevância nas exportações e na produção industrial”, informa o estudo.

Em 1996, a participação conjunta dos setores intensivos em trabalho nas exportações era mais do que o triplo da participação de petróleo e álcool. No ano passado caiu para quase a metade (58%).

A participação do setor de petróleo e álcool na produção industrial aumentou de 6,4%, em 1996, para 9,9%, em 2006. No valor das exportações saiu de apenas 2,3% para 10,6%, no período. Esse desempenho explica o crescimento da participação dos setores intensivos em recursos naturais nas exportações brasileiras, em 2006, frente ao ano anterior. Em média, houve uma queda na importância dos demais setores intensivos em recursos naturais nas exportações.

Dentre os demais resultados do estudo, vale destacar a manutenção da participação de setores mais diretamente associados à geração de desenvolvimento tecnológico e modernização do restante da economia. Houve uma modesto aumento de 0,1 ponto percentual em sua participação na produção industrial, mas um aumento de 1,7 ponto percentual nas exportações.

Diante deste cenário, o boletim coloca alguns desafios para o País, como a definição de políticas que tratem dos custos econômicos e sociais resultantes da perda ocorrida de participação dos setores intensivos em trabalho na estrutura industrial e potencializar o efeito do desenvolvimento do setor de petróleo sobre a economia.