A Petrobras criará um selo de qualidade do etanol comercializado por ela. Ou os produtores se adequam e param de exigir que os trabalhadores cortem 12 toneladas de cana-de-açúcar por dia, como denunciam contratos no interior de São Paulo, ou perderão a oportunidade de vender 3,5 bilhões de litros – a meta de exportação da gigante brasileira em 2011.
A Petrobras também vai propor aos usineiros a fixação de um preço máximo e mínimo para o produto, evitando bruscas oscilações para os compradores.
Os usineiros que descumprirem as regras do Ministério do Trabalho estarão sujeitos a ficar de fora dos investimentos de R$ 808,4 milhões em projetos de álcool e biodiesel que a estatal prepara para este ano.
“A princípio, a Petrobras estaria restrita à logística, nunca trabalhamos na produção de álcool. Estamos estudando entrar neste processo justamente para garantir a qualidade do produto. O produto deverá ter um selo de qualidade”, afirmou o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, ao ser indagado sobre as condições de trabalho dos cortadores de cana. O executivo da estatal brasileira considera escravo também o trabalhador que passa horas excessivas nos canaviais.
A Petrobras rompeu contrato com uma usina do Mato Grosso do Sul porque a empresa teria se aproveitado de trabalho escravo. Barbassa lembrou que a Petrobras começou a exportar álcool para o Japão, a exemplo do que fará para Estados Unidos, Venezuela e Nigéria, entre outros. A primeira carga para o Japão foram 73 mil litros de etanol e chegou ao país na semana passada. O potencial de álcool no Japão, segundo a Agência Brasil, é da ordem de 300 milhões de litros por ano.
Na semana passada a Petrobras já havia também anunciado a conclusão de negociações de um contrato de fornecimento de etanol para a companhia estatal nigeriana do petróleo Nigerian National Petroleum Corporation. Também anunciou a exportação de 12 milhões de litros de álcool para os Estados Unidos. A estatal brasileira também deverá fechar um contrato com a Venezuela para a exportação de 20 a 30 milhões por mês.
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, anunciou ontem o Relatório Anual e o Balanço Social e Ambiental da Petrobras. Auditados pela KPMG Auditores Independentes, as demonstrações financeiras mostram que, em 2006, os projetos sociais, ambientais, culturais e esportivos somaram R$ 591 milhões em investimentos da empresa, num crescimento de 14,1% em relação a 2005.
“Na área social, cabe destacar o Programa Petrobras Fome Zero (PPFZ), desenvolvido em linha com as diretrizes definidas pelo governo federal. Desde que foi criado, em 2003, o PPFZ já atendeu 10,7 milhões de pessoas (2,4 milhões de pessoas diretamente e 8,3 milhões de pessoas indiretamente), por meio de mais de 18 mil parcerias e 2.058 projetos que totalizaram cerca de R$ 386 milhões”, cita a empresa.