Com a tecnologia do motor bicombustível surgiram também teorias próprias do estilo brasileiro de lidar com novidades. Abastecer sempre o tanque com álcool e gasolina é uma dessas doutrinas que só o consumidor sabe explicar. A Petrobras Distribuidora aproveitou a oportunidade e começou a testar a bomba flex.
O equipamento permite abastecimento simultâneo com gasolina e álcool, em diferentes proporções: 100% álcool ou 100% gasolina; 50% álcool e 50% gasolina; 30% álcool e 70% gasolina; e 70% álcool e 30% gasolina. O equipamento, desenvolvido por dois fabricantes, funciona com duas mangueiras, que saem de dois tanques distintos no posto. As mangueiras se juntam a um misturador e um bico. O mostrador da bomba exibe volume e preço de cada combustível.
Por ora, o teste está sendo feito em apenas três postos – São Paulo, Ribeirão Preto (SP) e Rio – e a Petrobras terá exclusividade por um ano e meio assim que a bomba flex começar a ser produzida em escala industrial, segundo a empresa. Essa bomba ajuda o consumidor que faz questão de misturar combustíveis e ainda facilita a vida do frentista.
Embora a indústria de veículos garanta que tanto faz o tipo de combustível ou a quantidade de cada um para o motor bicombustível funcionar, o setor de distribuição percebeu no usuário algumas manias. “Imagino que ele queira uma mistura de preço e desempenho”, afirma o diretor da rede de postos de serviço da Petrobras Distribuidora, Reinaldo Belotti. “Cada um tem a sua experiência pessoal”, afirma.
Três anos após o lançamento a tecnologia que permite a mistura de combustíveis ainda está cercada de mitos. Há quem pense que para trocar o tipo do combustível é preciso primeiro esvaziar o tanque totalmente.
Quem não se interessa em ler o manual do automóvel e não prestou atenção nas explicações do vendedor às vezes nem sabe que, assim como o carro a álcool, o carro bicombustível possui um tanquinho instalado no compartimento do motor, que precisa ser abastecido com gasolina e que serve para auxiliar na partida.
A indústria de autopeças está em plena fase de desenvolvimento da partida a frio, que eliminará a necessidade da gasolina.
O vice-presidente da divisão de sistemas da Bosch, Besaliel Botelho, explica que a indústria trabalha hoje para 2009, quando entrará em vigor a nova fase do programa de controle da poluição por veículos (Proconve), do Conama. Nessa nova etapa, o tanquinho terá de ser definitivamente eliminado.