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Petrobras tem saldo negativo de US$ 775 milhões no trimestre

A balança comercial da Petrobras fechou o primeiro trimestre negativa em US$ 775 milhões, devido à parada de uma unidade de destilação da Refinaria de Paulínia, ao aumento do consumo de diesel no mercado interno e ao gás como combustível para operação de usinas termelétricas.

Em termos de volume, o déficit acumulado foi de 626 mil barris de petróleo e derivados líquidos. Apesar do resultado e da projeção oficial da empresa de um déficit de US$ 475 milhões para o ano de 2008, o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, aposta em um superávit para o fim do ano.

Ele evitou dar indicação sobre os valores, mas disse acreditar em um saldo positivo superior aos US$ 72 milhões registrados no ano passado. De acordo com o diretor, a paralisação da unidade de destilação em Paulínia foi a principal razão para o déficit acumulado entre janeiro e março.

Composta por plantas de destilação, cada uma com capacidade para 180 mil barris diários, Paulínia voltou a operar a plena capacidade no começo de abril, depois de uma parada programada para manutenção, iniciada em fevereiro. Com isso, aumentaram as necessidades da Petrobras de importação de GLP e diesel, além de reduzir as possibilidades de exportação de gasolina.

Costa comentou que a safra colhida no primeiro trimestre e o próprio crescimento da economia interna contribuíram para o forte consumo de diesel no país, enquanto a necessidade de geração de energia a partir de termelétricas consumiu entre 50 mil e 60 mil barris diários de derivados.

Minha expectativa é fechar o ano com a balança positiva. A volta da operação da refinaria a plena capacidade vai ajudar a melhorar o saldo, já que a parada da unidade foi o principal fator para o resultado negativo do primeiro trimestre, frisou o executivo.

Costa afirmou ainda que a empresa pretende aumentar as exportações de gasolina, no momento em que o consumo do derivado internamente perde força frente ao forte avanço do álcool. Atualmente, a Petrobras exporta para países da América do Sul, América Central, África e para o Oriente Médio, mais precisamente para o Irã.

Hoje, a empresa tem investimentos de US$ 8,5 bilhões previstos para reduzir o teor de enxofre na gasolina e no diesel. Com isso, segundo Costa, mercados com legislação mais rígida, como o dos EUA, devem se abrir para exportação de derivados a partir do Brasil.

No primeiro trimestre, a empresa exportou, entre petróleo e derivados líquidos, US$ 4,52 bilhões, com importações de US$ 5,29 bilhões. No ano passado inteiro, as vendas externas da companhia somaram US$ 14,88 bilhões e as compras alcançaram US$ 14,81 bilhões. A projeção para 2008 é de exportações de US$ 20,27 bilhões e importações de US$ 20,75 bilhões.

A Petrobras apresenta saldo positivo em sua balança comercial desde 2006, quando registrou superávit de US$ 421 milhões. Costa creditou essa reversão ao aumento da capacidade da empresa de processar petróleo pesado, reduzindo a necessidade de importação de derivados.

Para o executivo, esse avanço contribuiu para que a estatal ajudasse na melhora do balanço de pagamentos do país, revertendo uma posição como registrada, segundo ele, em 1980, quando o balanço de pagamentos no setor de petróleo foi negativo em mais de US$ 10 bilhões.

O diretor não quis fazer comentários sobre possíveis reajustes da gasolina e do óleo diesel. Sobre a compra dos ativos de distribuição da Esso no país pela Cosan, se limitou a dizer que não tem frustração nenhuma. A Petrobras vai reavaliar sua estratégia neste momento, notou. (Rafael Rosas)