Com o quarto maior programa de construção de dutos (oleodutos e gasodutos) do mundo atualmente, o Brasil deverá viver um boom do setor nos próximos anos. A avaliação é do diretor de Dutos e Terminais da Transpetro, Marcelino Guedes Gomes, que conta que só a Petrobras investirá no país US$ 6 bilhões até 2010 para aumentar a atual rede de dutos, de 20 mil quilômetros de extensão, em 5 mil quilômetros.
Com esse programa de investimentos, vamos ter o terceiro boom na construção de dutos no Brasil nos próximos anos. A rede de dutos ainda precisa crescer muito. Os Estados Unidos têm 440 mil quilômetros de dutos. Na América do Sul, a Argentina, por exemplo, tem apenas 28 mil quilômetros – afirmou Gomes, lembrando que os outros períodos de grande expansão da rede de dutos no Brasil ocorreram na década de 70 e 80.
A expectativa é de que o programa de construção de dutos da Petrobras gere 40 mil empregos diretos e 120 mil indiretos no país. Segundo Gomes, o conteúdo nacional médio (percentual de bens e serviços produzidos no país) na construção dos dutos deverá ser de 70% a 75%. As obras deverão gerar encomendas de 900 mil toneladas de tubos.
Atualmente, segundo o executivo, há quatro grandes projetos de expansão de dutos no mundo. O maior deles é na China, com US$ 15 milhões para a construção de 10 mil quilômetros de dutos. A Rússia vem em seguida, com investimentos de US$ 11 bilhões para construir 9 mil quilômetros. Em terceiro, vem a Índia com um programa de 6 mil quilômetros de dutos, com US$ 8 bilhões em investimentos. O Brasil vem em seguida.
Na área de gasodutos, o principal projeto do programa da Petrobras é o Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene). A construção do trecho de Cacimbas, no Espírito Santo, a Catu, na Bahia, no entanto, teve o cronograma suspenso temporariamente pela Petrobras.
A assinatura dos contratos para o financiamento do projeto era esperada para o primeiro semestre deste ano, mas as negociações foram suspensas pela Petrobras que alegou, além de mudanças no cenário de oferta e demanda de gás natural, o aumento de custos de US$ 1,2 bilhão previsto inicialmente para US$ 2,3 bilhões.
Outros projetos de grande porte na área de transporte de gás são os gasodutos Coari-Manaus, para levar o gás do campo de Urucu à capital do Amazonas, Urucu-PortoVelho, Gasoduto Nordestão 2 (que ligará Pilar, em Alagoas, a Mossoró, no Rio Grande do Norte) e o Gasfor 2 (que ligará Mossoró à cidade de Pecém, no Ceará).
Na área de transporte de produtos líquidos, o principal projeto que está em estudo pela Petrobras é a construção de dutos para a exportação de álcool do interior de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Os dutos também poderão ser usados para o transporte de combustíveis derivados de petróleo. A expectativa é de que os investimentos nesse projeto sejam de US$ 400 milhões, incluindo a construção de terminais na hidrovia Paraná-Tietê e quase 400 quilômetros de dutos.
Outros projetos importantes previstos pela Petrobras para o transporte de produtos líquidos, segundo Gomes, são os oleodutos Repar (Refinaria do Paraná)-Londrina e Paulínea-Campo Grande-Cuiabá (que ligará a refinaria da cidade paulista às duas capitais do Centro-Oeste).