A Petrobras negocia a venda de uma participação nas áreas mais cobiçadas do pré-sal -próximas aos megacampos de Lula e Sapinhoá- para o grupo francês Total.
A transação faz parte de um acordo de parceria estratégica anunciado pelas duas empresas em outubro e deve incluir também duas usinas térmicas e o aluguel de um terminal de gaseificação na Bahia.
O objetivo é concluir a operação ainda neste ano, colaborando para a Petrobras obter US$ 15,1 bilhões com a venda de ativos até dezembro. Esses recursos serão utilizados para reduzir o nível de endividamento da estatal.
Até agora, a Petrobras conseguiu US$ 10,7 bilhões ao se desfazer de empresas na Argentina e no Chile, ativos de distribuição e transporte de gás, a distribuidora Liquigás e o campo de Carcará.
Os campos em negociação com a Total ficam nos blocos BMS-9 e BMS-11 na Bacia de Santos – região considerada a jóia da coroa do pré-sal por incluir os dois maiores campos em produção no país.
Lula e Sapinhoá não vão entrar no negócio, mas a infraestrutura montada nesses campos para escoamento de gás natural pode ser compartilhada, reduzindo os custos de novos investimentos.
Além disso, a operação na área permite usar em conjunto recursos como logística de transporte de suprimentos e pessoal para as plataformas.
Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), Lula é o campo com maior produção do país, com 639,7 milhões de barris por dia, seguido por Sapinhoá, com 264 milhões de barris por dia.
Podem entrar no pacote dos franceses os campos de Iara, Berbigão, Sururu e Oeste de Atapu (situados no bloco BMS-11, onde está Lula) e também o campo Lapa (no BMS-9, vizinho a Sapinhoá).
A expectativa é que haja disputa entre a Total e a Shell pelos campos que estão no bloco BMS-11. A Shell e a portuguesa Galp já são sócias da Petrobras nesse bloco, com 25% e 10% de participação, respectivamente. Como sócias, tem direito de preferência e poderiam cobrir a proposta feita pela Total.
Térmicas
O acordo com a Total também deverá incluir duas usinas térmicas e o aluguel do terminal de regaseificação na Bahia. É um negócio pequeno que a estatal vê como uma espécie de laboratório, para testar esse modelo de parceria e oferecê-lo a outras empresas no futuro.
A Petrobras vem tentando vender suas térmicas desde 2015, mas as negociações esbarram em entraves regulatórios. No início deste ano, a estatal decidiu negociar pacotes que incluem acesso aos terminais de gás natural líquido. Foram criados pacotes na Bahia, no Rio e no Ceará.
Procurada pela Folha, a Petrobras não se pronunciou.
Nesta semana, a Petrobras anunciou a venda da distribuidora de gás de cozinha Liquigás para o grupo Ultra, por R$ 2,8 bilhões. Também estão à venda a participação da Petrobras na petroquímica Braskem -onde é sócia da Odebrecht-, em refinarias de petróleo e em unidades de produção de etanol, entre outros empreendimentos.
Fonte: (Folha de S. Paulo)