A Petrobras Biocombustível (PBio) e a São Martinho S.A. anunciaram ontem uma parceria estratégica para aumento da produção de etanol em Goiás. A união envolve as subsidiárias integrais do grupo no Estado, a Usina Boa Vista e a SMBJ Agroindustrial. A SMBJ foi constituída para o desenvolvimento de um novo projeto (greenfield) para produção de etanol.
Em entrevista à reportagem do Diário da Manhã, o diretor e o gerente de relações com investidor da São Martinho, João Do Val e Felipe Vicchiato, informaram que será constituída uma nova empresa, a Nova Fronteira Bioenergia, que irá controlar a Usina Boa Vista e a SMBJ Agroindustrial.
De acordo com João, a meta é continuar crescendo, a ponto de duplicar a usina, que hoje emprega 1.800 trabalhadores. Sem números precisos, João conta que a nova parceria irá gerar novos empregos e investimentos na região. No entanto, afirma que os projetos ainda serão divulgados. “Podemos fazer da fusão uma empresa muito sólida, que nasce jovem e sem dívidas”, acrescenta. João conta ainda que o grupo procurava uma parceria estratégica há algum tempo.
A Petrobras Biocombustíveis subscreverá o equivalente a R$ 420,8 milhões em ações, passando a controlar 49% da nova sociedade. O investimento a ser efetuado pela PBio ocorrerá em duas parcelas, sendo a primeira equivalente a R$ 257,6 milhões, a ser desembolsada em até 90 dias, após a conclusão da análise jurídica das documentações das empresas (due dilligence), e a segunda equivalente a R$ 163,2 milhões, a ser desembolsada em até 12 meses da data de subscrição.
A Usina Boa Vista tem atualmente capacidade de moagem de 2,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano e possui investimentos já realizados e a realizar objetivando alcançar a capacidade de 7 milhões de toneladas por ano a partir da safra 2014/15. Os recursos aportados pela PBio serão destinados à expansão da produção da nova sociedade, em especial da Usina Boa Vista. A transação irá contribuir também para a melhora da estrutura financeira da nova sociedade. Em 31 de março, a Usina Boa Vista e a SMBJ Agroindustrial possuíam endividamento líquido de R$ 409,5 milhões. Após a conclusão do aporte da PBio, o balanço consolidado da nova companhia contará com o patrimônio líquido de R$ 858,8 milhões. O acordo prevê ainda que a PBio terá direito de preferência, em termos e condições de mercado, para compra de até 49% da produção de etanol e energia elétrica produzidos pela nova sociedade.
O conselho de administração da Nova Fronteira será composto por seis membros, sendo três designados pela São Martinho e os outros três pela PBio. O presidente do conselho será nomeado pela São Martinho, e o vice-presidente será apontado pela PBio – as matérias de cunho estratégico serão decididas por consenso. O diretor-presidente e o diretor de Operações da sociedade serão indicados pela São Martinho, já o financeiro e administrativo será apontado pela Pbio.
Segundo o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, esta parceria representa uma aliança estratégica na consolidação da Companhia como relevante produtor de etanol. “A parceria com a São Martinho é mais uma aliança para o desenvolvimento da produção em Goiás, apresentando importantes sinergias com outros ativos do Sistema Petrobras.”
Na área de biocombustíveis, a Petrobras possui, por meio de sua subsidiária integral Petrobras Biocombustível, participação em empresas do setor sucroenergético com capacidade de moagem atual acima de 20 milhões de toneladas de cana por ano, prevendo investimentos de US$ 2,4 bilhões no período 2009-2013 na expansão da produção de etanol e biodiesel, sobretudo no Brasil, a fim de responder ao crescimento do mercado doméstico e à demanda global de biocombustíveis.
O Grupo São Martinho está entre os maiores grupos sucroenergéticos do Brasil, com capacidade de moagem de 14 milhões de toneladas de cana. Possui três usinas em operação: São Martinho, em Pradópolis (região de Ribeirão Preto, SP), Iracema, em Iracemápolis (região de Limeira, SP) e Boa Vista (Quirinópolis, a 300 km de Goiânia-GO), além de uma unidade para produção de ácido ribonucleico, a Omtek, também em Iracemápolis. O índice médio de mecanização da colheita é de 82%, chegando a 100% na Usina Boa Vista.
Governo destaca benefícios
A nova parceria é bem-vinda em Goiás, já que, no evento de abertura da Safra Nacional de cana-de-açúcar 2010/2011, o governador Alcides Rodrigues fez questão de ressaltar que o governo do Estado sempre fez a sua parte como agente determinante na atração de novas usinas. Na ocasião, Alcides acentuou a colaboração estratégica de Goiás no sentido de expandir com elevado profissionalismo as plantações de cana-de-açúcar, que garantem ao Estado um presente e um futuro promissores no que se refere ao desafio de produzir alternativas no campo energético.
O governador salientou o despertar do mundo para o etanol brasileiro como a mais viável opção ao petróleo. “Ao lado disso, as repercussões são extraordinárias no setor social, com a geração de emprego e renda no interior do Brasil, colaborando para o necessário equilíbrio regional.” Ainda no evento, Alcides já citava a projeção, para 2011, de que Goiás receba até R$ 5 bilhões em investimentos no setor. “Em uma década, triplicamos o número de usinas no Estado. São mais de 60 mil empregos diretos.”