O diretor de gás e energia da Petrobras, Ildo Sauer, inaugurou ontem em Redentora, na região noroeste do Rio Grande do Sul, a primeira de dez microusinas de álcool que serão implantadas ainda no primeiro semestre em parceria com a cooperativa de produtores Cooperbio. O projeto inclui a construção, no município de Frederico Westphalen, de uma retificadora central, que colocará o combustível nas especificações necessárias para ser comercializado, e servirá para avaliar a viabilidade “tecnológica, econômica e social” de produção de etanol a partir da agricultura familiar, disse o executivo.
Se a iniciativa for bem-sucedida, ela deverá ser estendida a outros Estados, como Santa Catarina e Paraná, onde as pequenas propriedades têm participação importante na agricultura. Segundo Sauer, o projeto pode ser uma “resposta concreta” às “preocupações” de críticos como os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e Cuba, Fidel Castro, que apontam para o risco da substituição da produção de alimentos pelos biocombustíveis.
“O que falta no mundo não é a produção de alimentos, mas renda para grande parte da população ter acesso aos alimentos”, disse. Segundo ele, além de garantir remuneração extra aos produtores, as micro-usinas implantadas com a Cooperbio vão permitir o uso dos subprodutos como bagaço, folhas e pontas de cana-de-açúcar na preparação de adubos naturais, na alimentação de bovinos, aves e suínos e até na co-geração de energia elétrica a partir de biomassa.
O projeto envolve 175 produtores de dez municípios da região e uma área de quase 400 hectares de cana, que será cultivada em conjunto com produtos de subsistência como milho e feijão. Uma das usinas também testará a produção do etanol a partir da mandioca e a produção estimada será de 5 mil litros por dia já em 2008, ou o equivalente a cerca de 1,5 milhão de litros por ano. A venda de álcool para a BR Distribuidora deve iniciar em julho, mas depende de licenciamento pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
A Petrobras vai investir R$ 2,3 milhões no empreendimento, de um orçamento global de R$ 4 milhões, incluindo a construção das unidades de produção e a retificadora, assistência técnica e moendas móveis para extração do caldo da cana nas propriedades. Também entram com recursos a cooperativa, prefeituras da região, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Eletrosul. Segundo Sauer, Petrobras e Cooperbio estudam projeto similar em biodiesel.