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Petrobras e Tereos investirão em usina em Moçambique

A Tereos Internacional e a Petrobras Biocombustível deverão definir, até o início de 2012, o investimento necessário para a construção de uma destilaria de etanol em Moçambique, onde as companhias já têm unidade produtora de açúcar da Guarani S.A.. De acordo com o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, o único entrave para a definição do investimento é a criação do marco regulatório para a mistura do etanol à gasolina por parte do governo moçambicano.A informação foi dada durante a inauguração da destilaria São José, na cidade de Colina, no interior de São Paulo.

O projeto contará com parte dos R$ 800 milhões definidos pela Petrobras Biocombustível (PBio), para que o grupo paulista invista na ampliação de suas unidades. “Estamos analisando um investimento em uma usina em Moçambique, e queremos concluir até o final deste ano.” O governo de lá já definiu o marco regulatório para 2012, com 10% de mistura obrigatória de etanol na gasolina”, disse Rossetto. “O investimento [na África] será pequeno, pois o mercado não é grande, mas é bastante importante para nós”, garantiu o executivo.

Já em Colina foram investidos R$ 30,8 milhões no projeto de instalação da destilaria, que tem capacidade para produzir 500 mil litros de etanol por dia, o que corresponde a 110 milhões de litros por safra. Para a safra 2011/2012, a estimativa de produção da unidade é de 44 milhões de litros de etanol.

Segundo o presidente da Guarani, Jacyr Costa Filho, a região, que processava 1 milhão de toneladas de cana-de-açúcar por ano, passará para 4 milhões de toneladas até 2014. E não existe projeto de novo investimento em vista. “Nessa região do estado estão nossas sete unidades”, afirmou. “Não existe espaço para instalação de uma nova unidade; o que fizemos foi ampliar essas unidades. Se considerarmos que em 2006 processávamos 1 milhão de toneladas de cana, e vamos chegar a 2014 com 4 milhões, estamos buscando aumentar a produção com investindo nas unidades existentes “, garantiu.

Para Rossetto, o início da produção na destilaria de Colina faz parte do movimento de retomada de investimentos no setor. “Estamos contribuindo para migrar de um ambiente de crise de oferta para um cenário de produção sustentável de etanol.”

Além do investimento, com suporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a companhia recebeu um aporte de R$ 195 milhões da PBio, que ampliou de 26,5% para 31,4% sua participação na Guarani.

De acordo com o presidente da Tereos Internacional, Alexis Duval, “a unidade São José iniciou suas operações em 2003 processando 1,5 milhão de toneladas de cana para produção de açúcar. Com nossos investimentos desde 2006, alcançou capacidade para processar 4 milhões de toneladas de cana. A inauguração desta nova destilaria é motivo de orgulho e mais um passo para o crescimento do grupo”.

Plantação

O presidente da empresa comentou ainda que os R$ 800 milhões destinados pela PBio para o seu setor sucroalcooleiro também ajudarão a empresa a ampliar a plantação de cana-de-açúcar, dos atuais 45 mil hectares instalados no ano passado para 60 mil hectares. Para Costa Filho, o setor sucroalcooleiro está sofrendo muito com o clima e somente novos investimentos podem ajudar a minimizar a situação.

O executivo também garantiu que todas as oportunidades do setor estão sendo analisadas, e não descartou aquisições, parcerias ou fusões. “Não temos nenhuma aquisição em vista, mas estamos de olho em todas as oportunidades que venham a aparecer. Já estabelecemos parcerias com outras empresas, e estamos abertos a discussões”, contou.

Importações

Durante a inauguração da destilaria, o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que representou a presidente Dilma Roussef, afirmou que o governo federal está tomando todas as providências possíveis para garantir o abastecimento de etanol nas bombas de combustível do País, mas desconversou quando questionado sobre os elevados preços do etanol. “A garantia que o governo pode oferecer aos consumidores é de que não haverá falta do produto na bomba. Isso é tudo que eles precisam ter como segurança. Preços sobem e descem, é tudo questão de mercado.”

Lobão afirmou que “desde o começo dos problemas de abastecimento, o governo federal já trocou a responsabilidade do setor de ministério, determinou que a Petrobras investisse no setor, e liberou financiamentos do BNDES e do Banco do Brasil, para que os produtores investissem na renovação da cultura”.

O ministro reiterou que as usinas brasileiras estão importando mais etanol, para garantir o abastecimento, e que isso pode reduzir os valores do produto. “Os produtores têm importado muito etanol este ano. E aumentaram inclusive a sua previsão de importação, não por necessidade, mas por segurança; portanto, não temos pressa de nada”, disse.

Daniel Popov