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Petrobras deve fazer alcoolduto entre SP e GO

Um protocolo de intenções assinado ontem entre a Petrobras e o Estado de Goiás representou mais um passo da estatal na direção estratégica de se tornar uma grande exportadora de álcool.

Entre outros projetos de infra-estrutura para o escoamento do produto, o acordo prevê a construção de um alcoolduto que ligará a refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo, ao terminal de Senador Canedo, em Goiás.

Com investimentos projetados de R$ 500 milhões, a previsão é que o alcoolduto transporte 4 bilhões de litros de álcool. Goiás produz 760 milhões de litros de álcool anualmente e é o quinto maior produtor do país.

Durante o evento, no qual esteve presente o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou a necessidade de a empresa “construir um mercado mundial de etanol”, o que já está em andamento, segundo ele.

Ano passado, a estatal começou a exportar álcool para a Venezuela (50 milhões de litros) e há a previsão de que comece a vender neste ano para a Nigéria.

O Japão é outro país onde as negociações estão avançadas. Caso o Japão resolva adicionar 5% do álcool na gasolina, proposta que está em estudo, as exportações brasileiras do produto poderiam crescer três vezes em relação ao ano passado.

A atuação da Petrobras, de acordo com o diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, é na comercialização e no transporte do produto. Por enquanto, a implantação de usinas não está nos planos da Petrobras.

“No plano estratégico da Petrobras, ficou decidido que vamos ser uma empresa de energia. Não estamos focando apenas em petróleo e gás, mas em outras energias renováveis, como álcool e biodiesel”, afirmou Costa.

Há também contatos para que o álcool seja vendido nos Estados Unidos, na China, na Coréia e na Índia, mercados potenciais.

Meta

A meta da empresa para este ano é quintuplicar as exportações do álcool, chegando a 250 milhões de litros. Ainda que a taxa de crescimento seja elevada, a parcela é pequena se comparada ao total exportado pelo país, cerca de 2,5 bilhões de litros por ano.

Costa disse que, apesar da aposta nas exportações, a prioridade é atender o mercado doméstico, evitando desequilíbrios e alta de preços. Para tal, a empresa fecha contratos de longo prazo com os usineiros, direcionados ao mercado externo. Há projetos de compra em andamento em Alagoas, Pernambuco e Paraná.

Mais de 80% da produção brasileira de álcool está concentrada em São Paulo. A Petrobras estuda também o aumento de área plantada para que não haja pressão nos preços internos.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Álcool de Goiás, Igor Montenegro, o protocolo de intenções fechado com a Petrobras vai dar competitividade para que o Estado possa exportar mais. A intenção é dobrar a produção em cinco ou seis anos, segundo ele.

Ainda não há prazo definido para a construção do alcoolduto. Os estudos de viabilidade, segundo a Petrobras, devem terminar em um ano.

Mas, apesar dos investimentos no álcool, é o petróleo o recurso que ainda garante atualmente os recordes à Petrobras. Costa disse que, pela primeira vez, neste ano a empresa vai ter superávit no seu saldo comercial (diferença entre o que importação e o que exporta de petróleo e derivados). O saldo deve ser de US$ 3 bilhões, graças ao petróleo bruto.

Bolívia

Sobre as negociações na Bolívia, a respeito do futuro dos empreendimentos da Petrobras instalados naquele país, a estatal brasileira afirmou que ainda não há nada de conclusivo porque os dois governos ainda estão em fase de entendimentos.

Ontem circulou a notícia, divulgada por uma agência internacional, que a Petrobras teria aceito dividir os lucros de suas empresas instaladas na Bolívia com o governo local, recém-assumido por Evo Morales.

Gabrielli, porém, afirmou que não iria “negociar pela imprensa” e que há uma missão de negociação no país.