Em entrevista à Folha, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afastou a possibilidade de reajuste dos combustíveis no curto prazo. “Mantidos os preços atuais [do petróleo], não há possibilidade de ter outro aumento”, disse.
Desde o último reajuste, no mês passado, havia a expectativa de uma nova alta, já que, na análise do mercado, o aumento não foi suficiente para cobrir toda a defasagem dos preços da Petrobras em relação ao mercado externo.
Leia a seguir trechos da entrevista de Costa à Folha.
Folha – Quais os investimentos da área de abastecimento no plano estratégico da Petrobras até 2010?
Paulo Roberto Costa – Nesse novo plano, houve crescimento de US$ 3,3 bilhões no orçamento [da área de abastecimento]. Desse valor, US$ 1,1 bilhão foi um crescimento na área de petroquímica e o restante, dividido na outras áreas, principalmente no refino. Em número gerais, ficamos no novo plano até 2010 com US$ 8 bilhões no refino, US$ 1,9 para dutos e terminais, US$ 1 bilhão em transporte marítimo e US$ 2,1 bilhões em petroquímica.
Folha – Esse valor já inclui a Unidade de Petroquímica Integrada que a Petrobras fará no Estado do Rio? Já estão definidos investimentos e sócios?
Costa – Sim, já inclui a parte da Petrobras. Será um investimento de US$ 3 bilhões a US$ 3,5 bilhões. O projeto está sendo feito pela Petrobras, grupo Ultra e BNDES. As participações não foram acertadas, mas a Petrobras ou será majoritária ou será um ator principal. A tecnologia é nossa e vamos ficar também com a operação da unidade.
Folha – E a refinaria do Nordeste?
Costa – Vamos detalhar qual será a modelagem econômica, se terá financiamento, quem irá financiar. Na primeira fase, olhamos mais o mercado e o esquema do refino. O acordo é que 50% de petróleo será brasileiro e 50%, venezuelano. O investimento total é de US$ 2,5 bilhões.
Folha – Há possibilidade de novos reajustes dos combustíveis?
Costa – Só tem três produtos para os quais a companhia adota uma visão de mais longo prazo que são: diesel, gasolina e GLP. Nesses três produtos, a intenção é não repassar ao mercado brasileiro a volatilidade tão grande que tem tido o petróleo ultimamente. A gente tem uma visão de patamar de preço. Tivemos um aumento de 10% na gasolina e de 12% no diesel em 10 de setembro. Então, no momento, não pretendemos ter outra revisão de preço.
Folha – Isso porque o sr. considera que o petróleo vai se manter no mesmo patamar?
Costa – Consideramos que o petróleo está no patamar adequado, não há necessidade de revisão de preço no diesel e na gasolina.
Folha – Então, o sr. quer dizer que o consumidor não deve esperar por reajustes no curto prazo?
Costa – Para diesel, gasolina e GLP, não vai ter reajustes no curto prazo, só se ocorrer uma catástrofe a nível mundial e o petróleo bater em US$ 100. Aí, não tem como, muda o patamar. Mantidas os preços atuais, não há possibilidade nenhuma de ter aumento.
Folha – Ao analisar o mercado internacional, parece que o petróleo encontrou uma faixa de resistência na casa dos US$ 60. O sr. concorda?
Costa – É verdade. A gente já está há algum tempo flutuando nessa faixa.
Folha – O sr. acha que tal patamar será mantido?
Costa – Alguns analistas já colocaram a possibilidade de ir a US$ 100, passando por outra fase de incremento de preço. É que o mercado está muito curto. A demanda está muito próxima da oferta. Não há uma oferta substancial em cima disso. Qualquer problema, como furacões, greve na Nigéria e problemas na Venezuela, afeta os preços, além de ter uma especulação grande. Eu não tenho bola de cristal, mas a tendência é que o petróleo fique estabilizado nessa faixa de US$ 60, podendo cair para U$ 50.