Mercado

Petrobras descarta nova alta e diz que governo influencia em reajuste

Admitindo que a Petrobras vive uma situação “esquizofrênica” -por ser uma empresa controlada pela União, mas com 60% de seu capital nas mãos do setor privado-, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse ontem que o governo influenciou na decisão de reajustar os preços dos combustíveis na última sexta.

Ele sinalizou, porém, que não devem ocorrer novos aumentos no curto prazo. Isso porque os combustíveis, com a correção da semana passada, foram já ajustados à faixa de preço do petróleo de “US$ 60 a US$ 70” o barril. Desde sábado, a gasolina está 10% mais cara nas refinarias. A alta do diesel foi de 12%.

“O acionista controlador influi nas decisões, por meio do conselho de administração. E foi isso o que aconteceu”, resumiu Gabrielli, que participou ontem do seminário “A Estratégia Brasileira para o Setor de Petróleo e Gás”, no Rio.

Do conselho de administração da empresa participam o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner. Segundo Gabrielli, a situação da Petrobras é “esquizofrênica” pois é “bipartida”.

O presidente da Petrobras disse que a empresa está trabalhando com um patamar entre US$ 60 e US$ 70 do preço internacional do barril. Se tal nível se mantiver, declarou, não haverá novos reajustes neste ano. O último aumento, antes do de sexta, havia sido em novembro de 2004, quando o barril estava em torno de US$ 40.

Especialistas e executivos do setor dizem, porém, que o aumento da semana passada foi insuficiente para corrigir os preços da estatal aos atuais níveis do petróleo. Gabrielli rebateu. Disse que “a Petrobras trabalha com a idéia de volatilidade de preços”, e não com a de “alinhamento automático”.

Ao justificar a decisão, comentou o cenário do mercado internacional de petróleo: “Os preços internacionais vinham subindo e começaram a declinar. Chegaram a US$ 70 e na sexta-feira estavam a US$ 63 -10% de queda numa semana não é pouca coisa. Nós achamos, neste momento, que já era suficiente para a caracterização de um novo patamar.” Ontem, o barril fechou a US$ 63,34 em Nova York (-1,15%) e a US$ 61,80 em Londres (-1,65%).

O presidente da Petrobras listou 12 pontos que foram levados em conta na hora de definir o percentual de reajuste. Um deles (talvez o mais importante, segundo especialistas) foi o comportamento favorável da inflação, que já está praticamente em linha com a meta do governo para 2005: 5,1% pelo IPCA.

“Sabemos que a Petrobras não pode desconsiderar o que acontece na economia brasileira”, disse.

Investimentos

Gabrielli ressaltou os investimentos da companhia no Rio, que somarão US$ 23,9 bilhões no período 2006-2010. A cifra corresponde a 42,4% do total (R$ 56,4 bilhões) a ser aplicado em novos projetos, ampliações e melhorias em unidades produtivas.

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