Até 2010, a Petrobras irá investir US$ 6,4 bilhões no Estado de São Paulo. O recurso previsto no Plano Estratégico 2006-2010 representa 58,1% dos US$ 11 bilhões — valor nominal — aplicados pela empresa no estado até hoje desde a sua criação na década de 1950. Dos novos aportes, US$ 2 bilhões serão destinados à área de exploração e produção (E&P), cujo projeto mais importante é o de Mexilhão.
O campo de gás e óleo integra a Bacia de Santos, que receberá US$ 18 bilhões nos próximos dez anos para o seu desenvolvimento, segundo José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras. A exploração da Bacia é considerada fundamental para aumentar a produção de gás natural, o que diminuirá a dependência do insumo importado. Dois terços do valor, US$ 12 bilhões, serão desembolsados pela companhia brasileira. Os outros US$ 6 bilhões virão das 11 petrolíferas parceiras.
Dos US$ 6,4 bilhões previstos para São Paulo, US$ 4,3 bilhões serão desembolsados pela Petrobras. Com os investimentos nos campos de Merluza e Mexilhão, a estatal fortalecerá a atividade de E&P no Estado, fortemente atrelado ao negócio de downstream — refino, transporte e comercialização. Hoje, o pólo de Merluza produz apenas 1,2 milhão de metros cúbicos por dia de gás e 1,6 mil barris por dia de condensado. Com a ampliação deste campo e o desenvolvimento de Mexilhão, a capacidade de produção de gás natural chegará a 25 milhões de metros cúbicos por dia e 45 mil barris diários de óleo. Dos US$ 2 bilhões previstos para E&P no plano estratégico, a Petrobras investirá apenas US$ 143 milhões.
Nos próximos quatro anos, o carro-chefe dos aportes continuará a ser o refino, com US$ 2,3 bilhões, sendo uma parcela de US$ 100 milhões de parceiros. Os recursos aplicados nas refinarias de Paulínia (Replan), Henrique Lage (Revap), Capuava (Recap) e Cubatão (RPBC) irão para os processos de modernização e conversão de produtos, de forma a atender aos padrões internacionais de qualidade dos derivados — com menor teor de enxofre. Além disso, as unidades estão sendo preparadas para absorver maior quantidade de petróleo nacional, diminuindo a necessidade de importação de petróleo leve para o refino. Dessa forma, a empresa pretende diminuir sua dependência externa de derivados e aumentar sua penetração no mercado externo, em especial americano, com padrões rígidos de concentração de enxofre.
O transporte marítimo receberá US$ 814 milhões de investimentos, que incluem o terminal de São Sebastião, plano de dutos e um corredor para exportação de álcool. Outros US$ 601 milhões serão destinados para gás natural, em projetos como os gasodutos Brasil-Bolívia (Gasbol), Caraguatatuba-Taubaté e Itu-Gasan (Gasoduto São Paulo-Santos). A área petroquímica receberá US$ 398 milhões, incluindo neste montante a planta em parceria com a Braskem em Paulínia. A Distribuição ficará com US$ 163 milhões, inclusive para a comercialização de combustível para aviação. Completam a lista energia, com US$ 88 milhões, fontes renováveis, com US$ 40 milhões, e gastos corporativos, com US$ 5 milhões.
Bacia de Santos
A Bacia de Santos se estende por uma área de 352 mil quilômetros quadrados, sendo que 57% está localizada em lâminas dágua entre 400 e 3 mil metros. O Estado de São Paulo detém 52% da área de concessão de 40,6 mil quilômetros quadrados da Petrobras e seus parceiros. Desta área, 35% está situada no Rio de Janeiro, 7% em Santa Catarina e 6% no Paraná. A partir de 2008, a Bacia de Santos adicionará uma oferta de 12 milhões de metros cúbicos por dia e deverá chegar a 30 milhões até 2010.
O Plano Diretor para a Bacia de Santos prevê cinco pólos de produção: Merluza e Mexilhão em São Paulo; BS-500 no Rio de Janeiro; Sul em São Paulo, Santa Catarina e Paraná; e Centro, em São Paulo e Rio de Janeiro. A Unidade de Negócio — Bacia de Santos (UN-BS), com sede em Santos, já foi criada pela Petrobras para gerenciar as atividades no local.
Em Mexilhão, que entrará em operação no segundo semestre de 2008, a expectativa é que o campo produza 15 milhões de metros cúbicos de gás e 20 mil barris por dia de óleo. O gás obtido será destinado a uma planta de tratamento de gás em Caraguatatuba, que será construída. Neste local, as frações pesadas do insumo serão extraídas — o GLP irá para as distribuidoras e o condensado para o terminal de São Sebastião — e o gás natural irá para o gasoduto Campinas (SP)-Rio, com obras em andamento. Segundo Guilherme Estrella, diretor de E&P da Petrobras, até o final deste mês a estatal receberá as propostas para instalação da plataforma de exploração no campo.
Em Merluza, a plataforma Merluza-1 será ampliada e será construída a plataforma Merluza-2. A expectativa é que, em 2010, o campo produza 10 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Este pólo também estará integrado à planta de tratamento de gás.
Em BS-500, que iniciará operação em 2010, a estimativa é que o local produzirá 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás e de 150 a 200 mil barris por dia de óleo. O Pólo Sul, já em operação, deverá produzir 140 mil barris por dia de óleo e 3 milhões de metros cúbicos de gás natural. O Pólo Centro encontra-se em fase exploratória.
Segundo Estrella, considerando os desafios tecnológicos impostos pela Bacia de Santos — altas profundidade, pressão e temperatura —, o que demanda equipamentos específicos para tais condições, e a elevação dos custos operacionais dos fornecedores da indústria petrolífera em escala mundial, os custos de exploração e produção no local deverão ser elevados.