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Pesquisa identifica primeiros genes de cana resistentes à seca

Uma tese de mestrado denominada “Análise funcional de genes de cana-de-açucar e a.thaliana associados a estresse hídrico e salino em tabaco transgênico”, do pesquisador Kevin Begcy Padilla do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp – Universidade de Campinas – revelou diferentes genes que podem servir, no futuro, para formação de plantas transgênicas capazes de crescer em condições ambientais adversas, como falta de água, excesso de sal ou solo com muito alumínio.

Segundo ele, esses foram os primeiros genes identificados em cana-de-açúcar que conferem tolerância a algum tipo de estresse.

De acordo com o pesquisador, as plantas com essas características poderiam ser utilizadas nos locais onde exista restrição hídrica (seca) ou onde a irrigação seja dificultada ou muito cara, como por exemplo áreas do Cerrado ou no Nordeste do Brasil.

“Considerando que a seca reduz a produção da cana, o desenvolvimento de plantas tolerantes à seca poderia minimizar as quebras de safra, amenizando os efeitos climáticos na oferta de etanol. Um segundo aspecto seria a melhor performance de canas transgênicas mais tolerantes cultivadas nas novas fronteiras agrícolas, como o Cerrado, com irrigação reduzida ou inexistente, ou mesmo em áreas com alta salinidade, que afeta algumas regiões do Nordeste. Elas poderiam ter um desenvolvimento menos afetado, mantendo bons níveis de produtividade. Mesmo no estado de São Paulo, as secas frequentemente causam quebras expressivas na produção da cana. E o terceiro aspecto estudado foi a toxidez por alumínio”, ressalta Padilla.

Ele explica que identificou dois genes de cana-de-açúcar durante dois anos de pesquisa. O trabalho foi orientado pelo professor Marcelo Menossi, do Departamento de Genética, Evolução e Bioagentes do IB.