Depois do sucesso dos automóveis bicombustíveis, que já representam quase 40% das vendas de modelos novos no País, as empresas se preparam para a produção em série de caminhões e ônibus com motores flexíveis. Nessa categoria, em vez de gasolina e álcool, o abastecimento será com diesel e gás natural. Também haverá opção do tricombustível, com o uso do biodiesel. A projeção é de que essa tecnologia seja lançada comercialmente até o fim do próximo ano.
Segundo a Delphi, uma das empresas que desenvolvem sistemas flexíveis, o caminhão ou ônibus bicombustível vai reduzir os gastos por quilômetro rodado. A estimativa é de que a mistura de diesel e gás sairá 30% mais barata e emitirá menos poluentes. O sistema vai usar diesel nas partidas e, depois de 1,2 mil rotações por minuto, o gás será injetado, podendo chegar a uma proporção de 90% a 95% de gás.
“O sistema vai mudar a cara do Brasil, pois teremos muitos ganhos em relação ao meio ambiente, ao bolso do consumidor e à balança comercial, pois a importação de petróleo será reduzida”, afirma Vicente Pimenta, gerente de Qualidade e Desenvolvimento de Projetos Especiais da Delphi. Segundo ele, em regiões onde não há oferta de gás, o veículo poderá rodar só com o diesel.
Negociações
A Delphi já negocia o fornecimento do sistema, totalmente desenvolvido no Brasil, com fabricantes de motores e uma grande montadora. O sistema foi apresentado a técnicos e empresários de 24 países durante seminário sobre combustíveis alternativos que foi realizado no Rio de Janeiro, organizado pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).
Pimenta calcula que o uso do gás pode proporcionar economia de R$ 20 por hora constante em que o veículo rodar. Para uso em ônibus nas cidades, a economia deve ficar entre R$ 8 e R$ 10 por hora de rodagem. “No futuro, veículos pesados bicombustíveis ou abastecidos com biodiesel devem ter participação tão importante na frota brasileira quanto a dos automóveis flexíveis”, diz.
Dosagem
O motor receberá um sistema eletrônico que vai dosar o uso dos dois combustíveis. A partida ocorre com a queima do diesel, mas na seqüência passa para o gás. Os cilindros do produto devem ser encaixados no chassi. Segundo Pimenta, esse sistema original vai custar bem mais barato do que a transformação informal em oficinas. Além disso, o usuário poderá rodar 100% com diesel ou então com 90% a 95% de gás e o restante com diesel.