São muito boas as perspectivas para a safra 2016/2017, analisou ontem, o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Antonio Alvarenga. “A safra colhida agora não foi boa, porque teve problema de seca, mas a expectativa para a próxima safra é muito boa, principalmente em relação ao milho, que vai aumentar um pouco a área de plantio, bem como de soja, que deve crescer um pouco mais”, disse.
A previsão da SNA é que sejam produzidos em torno de 215 milhões de toneladas de grãos na safra 2016/2017. Alvarenga diz que, até o momento, o clima está favorável às culturas, sem perspectiva de modificação. Os produtores estão animados. “Ficaram mais confiantes com o governo. A confiança aumentou, todo mundo plantou. Vai ser uma boa safra”, disse Alvarenga.
O presidente da SNA admitiu que o agronegócio é influenciado pela conjuntura do país, mas “menos que os demais setores da economia”, porque está muito ligado ao mercado internacional.
Alvarenda disse que o agronegócio brasileiro tem mercado para soja e para milho. O segmento de açúcar e álcool deve também ter bom desempenho e retomar as atividades porque os preços já estão melhores. “Acho que o agronegócio vai fazer bonito de novo”. Em relação à celulose, ele diz que houve melhoras, mas não em nível elevado. Alvarenga explicou que esse é um setor cujas respostas são obtidas mais no médio e longo prazo.
Preços externos
O presidente da SNA acredita que, de forma geral, os preços no mercado internacional podem ser um pouco menores em 2017 do que neste ano, mas boa parte dos produtores já vendeu a produção para a próxima safra, porque considerou que estava com um preço razoável. “O produtor antecipa determinadas vendas quando acha que o mercado está com bom preço e a cotação do dólar está atraente”.
Alvarenga acredita que o agronegócio vai ajudar a “salvar” a economia brasileira. Os produtores estão investindo, o que pode ser comprovado pelo aumento das vendas de máquinas e equipamentos este ano. “Essa é a grande vantagem do agronegócio: ele movimenta a economia”. A preocupação agora é passar a vender mais produtos com maior valor agregado.
O presidente diz que o ministro Blairo Maggi, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está fazendo um bom trabalho, vendendo o Brasil no exterior. “O agronegócio precisa disso: vender o Brasil”. Segundo Alvarenga, hoje, o Brasil é muito mais comprado do que vendido. “O país precisa ser um pouco mais agressivo no mercado internacional e é isso que o ministro está fazendo”.
O país já conseguiu a equiparação da sanidade da carne bovina brasileira com a carne americana e isso abriu a exportação de carne para os Estados Unidos, embora ainda seja uma incógnita o que o presidente eleito Donald Trump vai fazer em relação ao protecionismo interno.
Alvarenga acredita, entretanto, que qualquer atitude do novo chefe do Executivo daquele país não deverá afetar de forma importante o agronegócio brasileiro, porque as exportações nacionais para aquele mercado representam muito pouco, em torno de 5%. “Talvez a importação de carne pelos Estados Unidos vá acontecer de forma mais lenta”, estimou. É preciso, porém, ver as medidas efetivas que Trump vai tomar para avaliar os possíveis efeitos que isso poderá trazer ao mercado de alimentos.
As repercussões dessas medidas sobre o mercado de câmbio poderão até ser benéficas para o agronegócio. “O dólar subiu, o produtor está feliz porque, no saldo, ele é mais exportador do que importador. De forma geral, o agronegócio e os industriais ficam felizes com a cotação do dólar mais alta”, disse Alvarenga.