O físico Rogério César Cerqueira Leite acredita que, devido à biomassa energética – principalmente o álcool combustível –, o Brasil terá melhores perspectivas a médio prazo do que o resto do mundo, que terá de recorrer ao carvão para produzir combustíveis líquidos, a custos provavelmente mais elevados. Ele abriu, nesta segunda-feira (18), no Centro de Convenções da Unicamp, o 1º Seminário “Perspectivas Energéticas para a América Latina”, no qual especialistas da Argentina, Chile, Haiti, Cuba e Brasil apresentaram um balanço das pesquisas em seus respectivos países e projeções futuras para o cenário energético na América Latina.
Cerqueira Leite explicou que a produção de hidrocarbonetos fósseis em geral – inclusive o petróleo de águas profundas, os petróleos não-convencionais, os pesados, o polar e o gás natural, convencional e não-convencional – deve ter seu pico em 2010. Esta produção, segundo o físico, estará reduzida à metade em 2050, quando será insuficiente para suprir 20% da demanda de combustíveis líquidos.
“O petróleo convencional já atingiu um platô de produção máxima com 27 bilhões de barris por ano, que se estenderá até 2010, devendo cair então rapidamente, chegando em 2050 a apenas 8 bilhões. O gás natural alcançará o pico de produção dentro de 15 anos. A previsão é que se estenda até 2020.”
O professor emérito da Unicamp coordena, atualmente, um grupo de trabalho em energia, organizado pela União Internacional de Física Pura e Aplicada, com o objetivo de estudar várias fontes de energia e como cada uma delas pode suprir a demanda mundial nos próximos 50 anos, em 130 países. O grupo recebe apoio institucional do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp.
O Seminário “Perspectivas Energéticas para a América Latina” é a primeira atividade da Semana de Energia da Unicamp, organizada pela Coordenadoria de Relações Internacionais (Cori), Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) e International Energy Initiative (IEI).
(Maria Alice da Cruz)
Foto digital: Neldo Cantanti