O percentual de álcool adicionado à gasolina pode aumentar, no Brasil, para tentar reduzir a crise que tem levado ao fechamento de usinas em ritmo acelerado.
Arnaldo cultiva 1.300 hectares de cana em Jaú, no interior paulista. Assim como outros produtores, ele investiu em maquinários e se endividou. O custo dos insumos, cotados em dólar, subiu. E o preço que as usinas pagam não cobre mais as despesas. Sem dinheiro para renovar os canaviais, a produtividade despencou.
“A gente está perdendo em torno de R$ 10, R$ 12 por tonelada para entregar a cana nesse preço que está”, afirma o produtor de cana Arnaldo Tajarioli Junior.
Os problemas nos canaviais vêm se agravando desde 2007. De lá para cá, 58 usinas fecharam no centro-sul do Brasil, 34 no estado de São Paulo. A crise financeira mundial da década passada e a falta de uma política nacional de valorização do etanol estão entre as principais razões.
Os efeitos são percebidos nas cidades, com o desemprego crescente. Eduardo é presidente uma associação rural que representa 1.200 produtores de cana.
“Não é um problema exclusivo do campo. Se o campo vai bem, os municípios vão bem”, explica o presidente da Associcana Jaú/SP, Eduardo Romão.
Com o fechamento de uma usina em Espírito Santo do Turvo, 1.500 trabalhadores de cidades da região perderam o emprego. Eles ainda aguardam o pagamento das rescisões dos contratos de trabalho.
Seu Olavo tem R$ 40 mil para receber da usina: “Agora com o fim de ano, a gente contando com os presentes para dar pra família, mas está difícil”, conta Olavo José da Silva.
O representante do Ministério da Agricultura reconhece a crise vivida pelo setor. Cid Caldas explica que o governo federal está propondo a cogeração de energia elétrica com a queima do bagaço da cana o que garantiria mais receita para as usinas. Além disso, o ministério analisou a proposta do setor em aumentar a mistura de etanol à gasolina de 25% para 27,5%.
“Esse trabalho foi concluído já. Mostrou-se que não há nenhum problema técnico. Agora, o que é preciso é a gente ter garantia do produto, ou seja, garantia de etanol porque o consumidor tem que ter a garantia do seu abastecimento. Se nós elevarmos para 27,5 tem que ter o produto durante a safra inteira”, afirma o coordenador e Açúcar e Etanol do Ministério da Agricultura, Cid Caldas.
Antes de se posicionar sobre a nova mistura de álcool na gasolina, a Associação dos Fabricantes de Veículos aguarda o resultado de novos testes em motores que só funcionam com gasolina.
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Fonte: Jornal Nacional