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Participação na matriz energética cairá

A contribuição do petróleo e seus derivados na matriz energética brasileira caiu de 50,5%, no fim da década de 70, para 39,1%, em 2004, de acordo com estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). Por sua vez, a participação do álcool e seus derivados dobrou entre os anos de 1978 e 2004, de 6,8% para 13,5%.

As previsões de analistas indicam continuidade na tendência de queda da participação do petróleo. Em 2010, segundo o CBIE, a fatia do setor na matriz energética cairá para 35,7%, enquanto os produtos derivados de cana terão sua participação elevada para 14,3%, dividindo com o gás natural (14,7%) a segunda posição no ranking das principais fontes de energia.

A vez dos flex fuel

A ascensão do álcool combustível é atribuída principalmente à popularização dos modelos flex fuel (gasolina e etanol), lançados pelas montadoras em 2003. No ano passado, pela primeira vez, os carros bicombustíveis superaram as vendas dos modelos movidos somente a gasolina. A participação desse tipo de automóvel sobre as vendas totais do setor saltou de 21,6%, em 2004, para 53,6%, em 2005. No primeiro mês de 2006, a participação dos carros flex fuel subiu para 73% das vendas de veículos no País. “Dos usuários de carros bicombustíveis, cerca de 60% optam pela utilização do álcool hidratado”, diz Nastari.

De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o consumo médio de álcool hidratado em 2005 ficou em 388 milhões de litros mensais, totalizando 4,658 bilhões de litros no ano, com aumento de 8,4% na comparação com 2004. Ao todo, somando o álcool hidratado com o anidro, as vendas do combustível atingiram 10,57 bilhões litros, 5% acima do volume registrado no ano anterior, de 10,08 bilhões.

Ameaça de extinção

O álcool poderia ter um papel ainda mais importante no processo que levará o País a ser auto-suficiente em petróleo caso não tivesse ocorrido a forte queda de consumo do combustível na década de 90, afirma o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari. “As vendas de carro a álcool caíram para níveis próximos de zero”, lembra Nastari, referindo-se à crise ocorrida no fim dos anos 90, após o setor viver um período de bonança motivado pelos incentivos oferecidos pelo governo federal por meio do Programa Nacional do Álcool (Proálcool).

No período 1983 a 1988, o carro a álcool representou, em média, 93% das vendas totais de automóveis do Brasil – o pico de participação do motor movido pelo combustível derivado da cana-de-açúcar deu-se em 1985, com 96% das vendas totais. No período de 1996 a 2001, a participação desses modelos caiu para 0,6%, em média, chegando a 0,1% nos anos de 1997 e 1998, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).