O Paraná, que responde por um quarto da produção brasileira agrícola, colhe neste ano sua segunda maior safra da história. O volume só não foi recorde porque uma longa estiagem registrada no início do ano frustrou a expectativa dos produtores rurais e reduziu a produtividade das lavouras de soja e milho. A colheita neste ano será de 26,6 milhões de toneladas, o que representa queda de 12% na comparação com a safra recorde do ano passado, que atingiu 30,3 milhões de toneladas.
Os números da safra foram divulgados em Ponta Grossa (PR) – cidade a 117 quilômetros de Curitiba -, na região dos Campos Gerais, pelo governador Roberto Requião (PMDB), durante cerimônia conhecida como “festa da colheita”. Em discurso para cerca de mil produtores rurais, políticos e representantes de empresas voltadas ao agronegócio, o governador ressaltou a importância da produção agrícola do estado que, apesar do recuo por conta dos problemas climáticos, representou 22,1% da produção brasileira. “O Paraná continua na liderança da produção agrícola brasileira.”
Organizada pela Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná, a “festa da colheita” teve por objetivo comemorar o desempenho e o encerramento da safra. “A produção foi menor mas a receita foi maior por conta da melhoria nos preços das commodities agrícolas no mercado externo”, diz o secretário de agricultura, Orlando Pessuti, que também é o vice-governador.
Liderança em grãos
Segundo o secretário, em 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná foi de R$ 79,8 bilhões, o que representou 6% do PIB brasileiro, que atingiu R$ 1,3 trilhão no ano. Pessuti disse que o valor da Produção Agropecuária do Paraná foi de R$ 30,2 bilhões o que significa 19,4% de toda produção agropecuária brasileira, que atingiu R$ 155,7 bilhões. “Com só 2,3% do território brasileiro, o Paraná lidera a agricultura”, afirma. Se for levado em conta apenas as regiões produtivas do estado – descontando as cidades, montanhas e áreas de preservação -, “apenas 1% do território do estado responde pela expressivo volume produzido”, afirma Pessuti. No ano passado, com a safra recorde, “a produção agrícola paranaense representou 25% da safra brasileira”.
Entre os principais produtos agropecuários do estado estão soja, milho, trigo, frango, suínos e leite. O estado é o segundo maior produtor de soja, com 21% de participação; lidera a produção de milho, com 30% do mercado brasileiro, e também a de trigo, com 56%. Na pecuária, o Paraná lidera a produção de frangos, com 19% de participação; é o terceiro na criação de suínos, com 21% de mercado; e o terceiro em leite, com 11% da oferta brasileira.
Além dos grãos, o estado destaca-se na produção de álcool e açúcar, como o segundo maior produtor, atrás de São Paulo; e o maior produtor de farinha de mandioca e de fécula de mandioca, segundo dados da secretaria. O número de propriedades rurais no estado é de 350 mil fazendas, das quais 86%, ou 300 mil unidades, têm área inferior a 50 hectares. A área destinada à produção agrícola no estado é de 6 milhões de hectares, número idêntico ao usado para pastagens e 3 milhões de hectares são matas e florestas.
Em relação às vendas ao mercado externo, o Paraná é o terceiro maior exportador de produtos do agronegócio, segundo o secretário. Em 2003, as exportações totais do Paraná atingiram US$ 7,2 bilhões e o agronegócio respondeu por 70% deste montante, ou US$ 5 bilhões.
Um tema polêmico citado por Requião na “festa da colheita” foi a disposição de o estado manter a proibição aos produtos geneticamente modificados. “Vamos manter o cerco contra os transgênicos”, disse. O Brasil atingiu uma produtividade de soja superior à dos EUA e da Argentina, sem o cultivo dos transgênicos e portanto “é melhor mantermos a precaução em relação à adoção desta tecnologia”.
Veto aos transgênicos
A disposição do governo estadual é de manter a proibição de embarques de soja transgênica por Paranaguá, que é “o maior terminal exportador graneleiro do mundo”, disse.
A relevância de Paranaguá para o mercado de soja é tão expressiva, informa Requião, que na próxima segunda-feira, dia 7 de junho o presidente da bolsa de Chicago vai visitar o estado para discutir a possibilidade de abrir uma filial da bolsa norte-americana em Paranaguá. “Ele nos pediu uma audiência e vamos concedê-la. Uma filial da bolsa norte-americana seria algo inédito.”
Em relação as problemas de excesso de filas de caminhões ao longo da estrada que liga Curitiba a Paranaguá, para o embarque de soja, o secretário Pessuti informou que o governo tem o dever de resolver os problemas e assim será feito. Em primeiro lugar, com os serviços de manutenção de dragagem do calado e com investimentos para aumentar os berços de atracação dos navios.
Mesmo com os atrasos, o governador informou que o volume de grãos embarcado pelo porto paranaense aumentou no primeiro trimestre do ano. A receita com os embarques de grãos superaram 31% na comparação ao mesmo período de 2003 e atingiram US$ 360 milhões, segundo Requião. Em volume físico, os embarques de grãos “já superaram 2 milhões de toneladas”, afirmou o governador.
Em 2003, os embarques de grãos subiram 17%, para 33,5 milhões de toneladas, em relação aos 28,5 milhões de toneladas registradas no ano anterior, com destaque para as exportações de soja.