O representante da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) em Washington (EUA), Joel Velasco, afirmou hoje que a previsão de demanda de etanol criada pela lei de energia, sancionada hoje pelo presidente George W. Bush, é mais importante para o mercado brasileiro que a derrubada das barreiras comerciais sobre o combustível. “Retirar as barreiras seria excelente, mas isso criaria uma porta de entrada muito maior que a demanda local atual. Com o aumento do consumo surgido agora, criou-se essa demanda para o Brasil, que existirá mesmo com a taxação”, explicou Velasco, por telefone, à Agência Estado.
De acordo com o executivo, outro fator que beneficia o combustível brasileiro é a limitação do uso do milho como matéria-prima na produção do etanol nos Estados Unidos. “Como a demanda dos bicombustíveis que não utilizam o etanol de milho deve disparar de 380 milhões de litros, em 2009, para 15 bilhões de litros, em 2022, o Brasil pode participar no suprimento desse mercado”, disse Velasco.
Pela lei de energia, com a limitação do milho na produção de etanol, os biocombustíveis poderão ser produzidos a partir da quebra da celulose, contida em bagaço ou palha, por exemplo; de outro vegetal, como a cana-de-açúcar; ou ainda da biomassa, especificamente no caso do biodiesel vegetal.
Hoje o uso de etanol corresponde a 5% do consumo de gasolina nos Estados Unidos e, em 2022 deve saltar para 22%, o correspondente a 36 bilhões de galões ou 136,2 bilhões de litros. Por fim, Velasco lembrou ainda que o órgão que irá regulamentar a lei da energia aprovada é a Environmental Protection Agency (EPA), o correspondente ao Ibama no Brasil. “Isso é importante porque o assunto será tratado de acordo com critérios técnicos e não políticos”, concluiu Velasco.