O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirma que os americanos querem investir no setor do etanol no Brasil. Nesta sexta-feira, Palocci esteve reunido com o secretario de Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, em Moscou. “Os americanos querem conhecer o programa brasileiro com mais profundidade e aumentar investimentos”, afirmou o ministro a um grupo de jornalistas internacionais.
Os assessores do secretário americano, porém, desmentiram a informação de Palocci, alegando que Snow apenas falava de investimentos no setor do biodiesel dentro dos Estados Unidos quando se referiu ao assunto.
O Governo participará neste sábado, como um dos quatro convidados, da reunião do G-8, grupo das economias mais ricas do mundo (Alemanha, Itália, Estados Unidos, França, Canadá, Grã-Bretanha, Japão e Rússia). No centro do debate estará a segurança energética e possibilidades de investimentos em energias alternativas.
A realidade é que, enquanto o mundo se debruça sobre a questão do petróleo para tentar evitar que os altos preços do barril e a crise no abastecimento gerem restrições ao crescimento econômico, Palocci tenta passar a idéia de que o Brasil deve ser visto como “referência internacional” na área de energia e quer fazer parte da solução para a crise energética no mundo.
“Nesse período em que o petróleo será um fator de restrição para o crescimento mundial, o Brasil terá um espaço para discussão e para oferecer uma alternativa”, afirmou, lembrando que espera não apenas vender combustível, mas também tecnologia. Palocci disse que, no encontro com o ministro das Finanças da Rússia, Alexey Kudrin, Moscou também quis saber dos 50 projetos de usinas de etanol no País.
Segundo Palocci, 21 usinas serão abertas este ano. “Como o petróleo tem sido um dos maiores problemas do mundo, o etanol brasileiro tem recebido atenção. O etanol todos fazem, mas ninguém faz de forma economicamente viável. O mundo todo fala em desenvolver um combustível alternativo, mas essa energia que é economicamente viável se chama etanol brasileiro”, disse.
Para Palocci, o País é um dos que estão mais bem posicionados em termos energéticos no mundo. Os motivos para celebrar seriam o fato de o Brasil obter a auto-suficiência em petróleo a partir de março, contar com o único combustível alternativo que disputa com o petróleo em termos econômicos, desenvolver motores bicombustíveis, ter projetos para o biodiesel de mamona e contar com rede de hidrelétricas.
Palocci disse que conversou com Snow sobre a atuação dos governos nas agências internacionais, como Banco Mundial (Bird)e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O Brasil afirma estar satisfeito com as posições favoráveis dos americanos nessas agências. “No Fundo Monetário Internacional, os americanos aceitaram nossa proposta de mudança de cotas”, disse.
No BID, o Brasil quer que a entidade vá além de aportes de sustentação de investimentos e que possa identificar projetos de infra-estrutura com retorno econômico. Segundo Palocci, os Estados Unidos concordam com a idéia, mas os detalhes ainda não foram fechados.
Nesta sexta-feira, Palocci e os demais ministros das Finanças do G-8 iniciaram os debates com um jantar no Kremlin. Neste sábado, China, Índia, África do Sul e Brasil se reúnem com as oito potências para um café da manhã em que se debaterá principalmente o comércio mundial. A Organização Mundial do Comércio (OMC) precisa concluir suas negociações neste ano, o que parece cada vez mais difícil.