Para a indústria, parece que aquela etapa ruim de desempenho da economia que se apresentou no segundo semestre de 2005 foi superada. Isso não quer dizer, porém, que as preocupações terminaram. Não se pode dizer que o País entrou em uma fase de crescimento harmônico, destaca Julio Gomes de Almeida, do Iedi. Ele lembra que a oscilação da indústria tem sido flagrante: ao declínio expressivo de janeiro (-1,3%, na série com ajuste sazonal) seguiu-se crescimento igualmente expressivo em fevereiro (+1,2%), sem que se saiba ao certo qual deverá ser a variação em março e abril, dado o desencontro dos indicadores antecedentes. Além disso, diz o executivo, os setores que vêm mantendo crescimento estão muito concentrados nas famílias de produtos de ferro, petróleo, aparelhos celulares, TVs e computadores. Enquanto isso, outros segmentos – dentre eles os que mais empregam na indústria, como têxtil, vestuário, calçados, madeira e móveis – ainda não esboçaram sinal de reativação.
??? Preocupa o Iedi, também, o fato de o comércio varejista, que vinha crescendo há quatro meses, ter recuado em fevereiro, não apenas pela magnitude da queda (-4,1%), mas também porque o retrocesso foi generalizado: alimentos e bebidas, tecidos, vestuário e calçados, móveis e eletrodomésticos, combustíveis e lubrificantes, automóveis. Sem contar o material de construção, que já acumula dez meses seguidos de declínio. Esses são sinais inequívocos de que o rendimento real disponível da população não vem crescendo.
??? Até mesmo a taxa de desemprego, segundo os últimos dados do IBGE, está mostrando desempenho aquém do que se esperava: Os 10% registrados no primeiro trimestre podem ser considerados uma taxa alta, tendo em vista expectativas muito favoráveis no fim de 2005, quando essa taxa alcançou apenas 8,3%.
??? Para Almeida, a perspectiva para o resto do ano é que essas oscilações e desequilíbrios setoriais e no emprego sejam gradativamente neutralizadas. Mas o aceno por parte do governo de continuidade na redução dos juros e de que o rombo do setor público não será aprofundado ajudaria muito.