Mercado

Para ministro da Agricultura, sonho de formação do bloco está “aceso e vivo”

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados recebeu hoje, em Audiência Pública, o ministro da agricultura, Roberto Rodrigues. Ele falou aos parlamentares sobre a importância das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) para o agronegócio brasileiro.

Rodrigues destacou que a reunião ministerial de Miami, ocorrida na última semana, resultou numa vitória diplomática do Brasil. “De lá saiu um documento ambicioso que mantém o sonho da Alca aceso e vivo”, disse. Ele comparou a declaração dos países participantes – que defendem uma Alca abrangente e equilibrada – com as etapas de construção de uma casa.

“O projeto arquitetônico está pronto, mas as regras ainda vão ser definidas, como os móveis, que são colocados no lugar por último”, disse, lembrando que os temas sensíveis tanto para os países em desenvolvimento, como o Brasil, quanto para os desenvolvidos, como os Estados Unidos, devem ser levados ao âmbito da Organização Mundial do Comércio.

Em sua palestra, o ministro definiu como fundamental o tema de acesso aos mercados, já aceito pelos Estados Unidos. “Essa foi a moeda de negociação. Com o acesso, podemos conseguir melhores condições para a venda de carnes, açúcar e laranja, exemplos de produtos que têm alto índice de taxação no mercado externo”, afirmou. “Acesso a mercado significa menos tarifas e mais cotas de vendas nos países importadores”, definiu Rodrigues.

Segundo ele, o momento para se trabalhar o acesso aos mercados não poderia ser mais conveniente para o País. Isso porque a produção brasileira vive, segundo o ministro, uma época de ouro. “Em um ano aumentamos a produção de grãos em 25 milhões de toneladas e em sete anos teremos aumentado a produção em 50%”, calculou, sustentando que em 15 anos a produção agrícola brasileira pode seguramente ser duplicada ou triplicada, se mantiver o ritmo. Ele mostrou gráficos que apontam o melhor aproveitamento das tecnologias modernas para o campo: enquanto a área plantada aumentou 14% nos últimos 13 anos, o aumento produtivo foi de 107%.

Rodrigues defende abertamente uma maior inserção do Brasil nos mercados externos. “Temos tecnologia de ponta e qualidade suficiente para competir no cenário internacional. As alianças comerciais nos permitem escoar a produção”, defendeu o ministro. Ele apontou que, apesar de as exportações agrícolas hoje representarem 42% das exportações brasileiras, ainda é necessário melhorar a apresentação e a oferta do que é vendido. “É preciso agregar valor aos alimentos e promover uma cultura agressiva de marketing”, completou.