Mercado

Para manter liderança no País, Syngenta foca nas sementes

Com planos de abocanhar uma participação maior no mercado brasileiro de defensivos agrícolas, a multinacional suíça Syngenta, que prevê crescer acima de 10% este ano, irá lançar nos próximos cinco anos 32 novos produtos no País. Além disso, a empresa, que também atua no setor de sementes para soja, milho, frutas e verduras, já estuda lançar cultivares para girassol, algodão, e cana-de-açúcar, que estavam em teste em usinas sucroalcooleiras desde 2008. Além disso, a empresa prevê investir US$ 100 milhões em 3 fábricas no Brasil até 2013.

No ano passado a operação brasileira faturou US$ 1,6 bilhão, que representa aproximadamente 14% do total global obtido pela Syngenta. Isso deixa o Brasil como o principal mercado mundial para a empresa. Segundo o diretor-geral da companhia no País, Laércio Giampani, o foco para os próximos anos é amplia r a distância entre a empresa e as concorrentes no mercado nacional. “Em 2010 vimos uma liderança ainda maior para a Syngenta. Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola [Sindag] mostram que temos 20,9% de participação no mercado brasileiro. A estratégia é crescer acima do mercado, e estamos conseguindo”, contou.

Giampani afirmou que o otimismo para este ano é baseado nas produtividades excepcionais aguardadas pelos produtores, nas colheitas recordes, e na maior rentabilidade do agricultor. “Nós trabalhamos com a projeção de que o mercado deve crescer 10%, e temos meta de continuar aumentando a participação, crescendo acima do mercado. Culturas como a soja, o algodão, o café, a cana, e o milho, que são as que possuem a maior tendência de aumento, são as que imaginamos ter uma participação ainda maior”, frisou.

Entre os projetos que a empresa estuda implantar no Brasil está a semente de girassol, ainda pouco comercializada no País, mas muito consumida na Argentina. O diretor afirmou que a ideia é fomentar o uso dessas sementes especiais que serão adaptadas para o uso dos agricultores brasileiros. A empresa, que completou 11 anos de mercado, também possui projeto em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para o algodão. “Uma área piloto de 10 mil hectares na região de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, é a primeira no Brasil a ter acesso à oferta conjunta do portfólio Syngenta com as sementes de algodão BRS 286. Esta variedade apresenta boa produtividade, ciclo precoce e fibras mais longas e resistentes, características que darão aos produtores melhores condições de competitividade.”

A etapa piloto vai de novembro de 2010 a julho de deste ano, e a expectativa é que os resultados permitam que a Syngenta amplie a oferta integrada de tecnologias com a Embrapa para outras regiões do Brasil. Na safra 2011/2012, 300 produtores, que representam 60% da área brasileira da cultura e são atendidos diretamente pela equipe da Syngenta, terão oportunidade de testar as tecnologias.

Entretanto, Giampani destacou que atualmente o projeto mais audacioso da empresa é em relação à cana-de-açúcar, no qual a Syngenta investirá, até 2013, aproximadamente US$ 100 milhões. O projeto realizado no Brasil teve a sua fase de testes encerrada, e já começa a ser comercializado com o nome de Plene. A tecnologia simplifica o processo de plantio de cana-de-açúcar ao oferecer mudas tratadas contra doenças e pragas, “garantindo sanidade, pureza varietal, tratamento e rastreabilidade”. As mudas têm aproximadamente quatro centímetros de altura e representam uma evolução em relação ao sistema convencional, quando a cana era plantada com mudas de 40 centímetros.

Para a produção e comercialização desta nova tecnologia, a empresa, que já está concluindo a primeira fábrica do produto em Itápolis (SP), prevê a construção de outras duas unidades, também em regiões produtoras de cana. “A adoção de Plene viabiliza menor compactação do solo, redução da emissão de dióxido de carbono, já que possibilita o uso de equipamentos mais velozes e leves. Essa tecnologia nasceu no Brasil, e iremos adaptá-la, para outros países.”

O setor de sementes, que representa atualmente 10% do faturamento total do braço brasileiro da empresa, deve ganhar ainda uma maior representatividade nos próximos cinco anos. “Temos a ambição de ampliar os negócios de sementes, mas isso irá crescer junto com a necessidade do produtor. Pois entendo que a partir de agora os agricultores brasileiros apostarão muito na qualidade das sementes para melhorar a produtividade e custos na lavoura. Então, em cinco anos podemos ver uma mudança nessa balança de negócios”, disse o diretor.