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Para festejar data, milhares cortam cana no domingo

Mais de 100 mil trabalhadores da indústria açucareira cubana decidiram trabalhar ontem, domingo, em uma inédita homenagem aos 80 anos do líder cubano Fidel Castro. A chuva de sábado complicou o trabalho, mas por Fidel e pela revolução estamos dispostos a fazer qualquer sacrifício, declarou Juana Bengochea, cubana de 62 anos, 30 dedicados ao trabalho em canaviais.

Juana chegou ao canavial de Artemisa, 40 quilômetros a oeste de Havana, antes do sol nascer e não conseguiu ver as primeiras fotos de Fidel Castro depois da cirurgia, publicadas ontem no país. Não soubemos disso, mas estou muito feliz, disse Juana, ignorando o cansaço porque ontem era o aniversário do comandante.

Um enorme cartaz de tela branca pintado com letras azuis e vermelhas localizado no meio do canavial explicava a razão do trabalho voluntário: Saudamos o 80º aniversário.

Juan Carlos Pérez, diretor do Grupo Açucareiro de Havana, citou as quatro razões para a comemoração: Pelos 80 anos do chefe da revolução, pela sua recuperação, pelo compromisso de produção de cana e porque ele nos pediu para lutar e trabalhar. Pérez se referia à declaração feita por Fidel dia 31 de julho, quando informou seu problema de saúde e delegou provisoriamente o poder a seu irmão Raúl.

Osvaldo Díaz, um tratorista de 48 anos, disse que o trabalho da cana é o mais duro de todos, mas acredita que cumprir a tarefa é a melhor homenagem que poderíamos prestar a Fidel. Díaz, Juana e Pérez são três dos 576 trabalhadores que participaram do trabalho organizado pela Unidade Básica de Produção de Cana Carlos Baliño, de Artemisa, chefiada pelo ministro do Açúcar, Ulises Rosales del Toro.

Vestido com traje militar e coberto de suor, Rosales del Toro informou à imprensa que mais de 100 mil pessoas se mobilizaram para homenagear Fidel, entre elas 10 mil em Havana.

Há cinco anos o governo cubano decidiu reduzir pela metade seus 155 engenhos – este ano só 42 usinas funcionaram -, destinar 60% de seus campos de cana a outros cultivos e transferir 100 mil trabalhadores para outras atividades. Mas em fevereiro deste ano, com o aumento dos preços internacionais do produto, Fidel decidiu assinar um acordo financeiro com o setor e criar condições para que a produção fosse ampliada. Desde então, 22 mobilizações favoráveis ao líder cubano, como a deste domingo, foram feitas.

Interrogado sobre a meta de Cuba de triplicar em dois anos os resultados da última safra – 1,3 milhão de toneladas – Rosales del Toro disse que será possível alcançar essa meta graças à motivação dos trabalhadores e aos novos recursos disponíveis.