O presidente da BR Distribuidora, José Lima de Andrade Neto, afirmou que o consumo de gasolina continuará desequilibrado em relação ao do etanol.
O principal fator impactando nos preços é a baixa oferta de etanol, que tem feito os brasileiros optarem por abastecer com gasolina. Ele aponta que em julho do ano passado o consumo de etanol era de 37% do total.
“Em abril chegamos ao cenário de 93% de gasolina, ou seja, o mercado de etanol quase desapareceu”, afirmou Lima, que foi homenageado no Almoço do Empresário, da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e recebeu o diploma Visconde de Mauá concedido pela entidade.
Segundo ele, o mercado de etanol ainda não recuperou a participação antiga, ficando com cerca de 16%, e a gasolina com os outros 84% ao final do semestre. “É preciso lembrar que qualquer medida para aumentar a produção de etanol no País passa pela necessidade de plantar mais cana e isso é uma solução que demanda pelo menos mais dois ou três anos”, disse o executivo.
Como razões para a baixa produção de etanol e o preço 30% acima do registrado em igual período do ano passado, Lima aponta a safra ruim deste ano, e a decisão dos grandes produtores de transformar a matéria-prima do combustível em açúcar, para exportação. Ele lembra ainda que a demanda dos dois tipos de combustível continua crescendo acima do Produto Interno Bruto (PIB), fato que coloca pressão sobre os preços e desafia o atendimento da demanda.
No primeiro semestre deste ano a busca por gasolina cresceu cerca de 17%, informou o executivo, enquanto a busca por etanol caiu, devido à alta dos preços. “Em julho o consumo de gasolina foi ainda maior, proporcionalmente, do que no primeiro semestre”, disse Lima.
Outro problema apontado pelo presidente da BR Distribuidora é a entressafra do etanol.
De acordo com ele, deveria haver estoque do combustível para que não falte etanol durante os quatro meses de interrupção na produção. “Nosso problema atual, no entanto, não é esse. É também de oferta, estamos produzindo menos do que o mercado demanda.” De acordo com ele, está em estudo por parte do governo medidas para estocagem. “Teria que ser criado um incentivo, pois existe um custo para as empresas fazerem a estocagem.” O executivo destacou ainda que o governo está estudando a diminuição da percentagem de mistura de álcool anidro na gasolina, hoje em 25%. “A decisão de mudar é do governo, que vai fazer isso quando achar oportuno”, disseLima. Segundo ele, o governo tem chamado as distribuidoras para conversas e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) também está monitorando o mercado.
Lima afirma que a queda no consumo de Gás Natural Veicular (GNV ) está se atenuando.
De acordo com ele, o produto apresentou queda constante de 5% a 10% nos últimos quatro anos, mas este índice se alterou em 2011. O número de conversões de veículos, operação necessária para utilização de GNV, aumentou, indicando tendência de alta na demanda no futuro.
A principal razão apontada para o estancamento da queda é a alta no preço da gasolina e do etanol. Nos anos anteriores, a redução gradativa no uso teria se dado devido à problemas na oferta do produto, gerando insegurança entre os possíveis consumidores que precisavam investir para converter o carro para o uso do combustível.
A mesa principal do evento foi composta pelo presidente da ACRJ, Antenor Barros Leal; pelo presidente da BR Distribuidora, José Lima de Andrade Neto; pelo diretorsecretário da ACRJ, Juarez Machado Garcia; pelo presidente do Jornal do Commercio e da Rádio Tupi, Mauricio Dinepi; pelo presidente do Conselho Empresarial de Energia da ACRJ, Edison Tito Guimarães; pelo presidente em exercício da Transpetro, Cláudio Campos; pelo diretor superintendente da Ipiranga Produtos de Petróleo, Leocádio de Almeida Antunes Filho; e pela subsecretária de Comércio e Serviços da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Dulce Ângela Procópio de Carvalho.