Palha é tudo o que é retirado antes do processo de esmagamento que extrai o caldo da cana, utilizado para produzir o açúcar e o álcool. E essa mesma palha é uma rica fonte de energia, capaz de dobrar a produção de energia feita a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Em cada tonelada de cana 14% é palha. E palha não é somente as folhas secas, mas também as folhas verdes e o “ponteiro” (ponta) da planta.
No entanto, milhões de toneladas de palha são desperdiçadas ou queimadas no Brasil. Todo ano são produzidos mais de 40 milhões de toneladas de palha de cana. E pelo menos a metade pode ser utilizado na geração de energia.
É impossível colher a cana livre da palha. Muitos agricultores queimam a palha antes da colheita, para facilitar o corte. Porém, essas queimadas emitem quantidades exorbitantes de monóxido de carbono e fuligem. A palha que não é queimada é jogada no solo, servindo de adubo e proteção contra a erosão; ou então acaba indo parar no lixo, por não ter utilidade na produção de açúcar e de álcool.
Grande parte das usinas brasileiras produz energia através da cana pra consumo próprio, em caldeiras de baixa pressão. Nesse processo, não se utiliza palha. Mas se as caldeiras fossem de alta pressão e gerarem energia com o bagaço de cana, a palha pode dobrar a produção de energia. Uma tonelada de bagaço em um sistema de alta pressão gera cerca de 50 kW/h. Adicionando a palha, pode-se gear cerca de 100 kW/h.
A quantidade de palha produzida é variável. Depende da idade que a plantação tem quando você faz o corte, da região onde o canavial se encontra e do tipo de cana que você trabalha. Como a palha é utilizada na adubação dos solos, o ideal é que a metade fosse usada na produção de energia. Para que isso ocorresse, toda produção de cana não deveria queimar os resíduos, seguindo o exemplo da produção de cana no estado de São Paulo.
Cada tonelada de cana, sem palha, tem um potencial energético equivalente ao de 1,2 barril de petróleo. E o Brasil é o maior produtor de cana do mundo e possui cerca de 307 usinas, sendo que 128 estão localizadas em São Paulo. O que antes era jogado fora, agora gera energia.