No ano passado, a União Européia foi o principal mercado direto para o álcool brasileiro – comprou 986 milhões de litros, e passou à frente dos Estados Unidos, que em 2006 haviam sido nosso principal importador. Em 2007, os EUA importaram diretamente pouco mais de 800 milhões de litros, mas estima-se que boa parte dos quase 500 milhões de litros exportados do Brasil para países caribenhos tenham sido colocados posteriormente no mercado norte-americano.
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Os Estados Unidos permitem importar de países do Caribe, livre de impostos, até 7% do que é consumido internamente de etanol. Com isso, empresas brasileiras têm usado uma estratégia de triangulação para desviar das altas barreiras impostas pelos EUA ao produto brasileiro (tarifa de US$ 0,54 por galão).
As exportações para a Europa cresceram apesar da alta barreira tarifária imposta ao produto brasileiro. O álcool anidro é sobretaxado em 192 euros (R$ 483) o metro cúbico ao entrar nos países europeus – valor bem superior à taxa norte-americana, que, calculada em metros cúbicos, é de US$ 140 (R$ 224). Se os europeus forem duros ao definir critérios para a certificação, diz o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, eles vão continuar pagando esses 192 euros. “Hoje já existe um mercado potencial. Evidentemente que, a hora que ele se tornar mais transparente e não tiver essa barreira tarifária, será um ambiente ótimo para se fazer negócio”, diz Padua Rodrigues.
A exportação brasileira de etanol, que em 2000 estava na casa dos 100 milhões de litros, cresceu 36 vezes em sete anos, e chegou a 3,4 bilhões de litros em 2007. Hoje, a venda ao mercado externo representa cerca de 20% do que é produzido no país – no ano passado, foram 17,7 bilhões de litros, segundo a Unica. “O mercado externo de fato ainda não aconteceu, ele é muito pontual e é um mercado ‘de bolha’. Faltam ainda regras claras de mercado internacional, de contratos de longo prazo que garantam a tomada de decisões e investimentos de médio e longo prazo”, diz o diretor da Unica. (FL)