De olho nos megamercados da Índia e da África do Sul, que somam quase 1,2 bilhão de consumidores, o Brasil quer elevar de 2% para 4%, nos próximos quatro anos, a participação desses dois países no total das exportações brasileiras. A meta foi proposta ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, durante o 1º Encontro Empresarial do Ibas, grupo que reúne a Índia, Brasil e África do Sul, conhecido também como G-3.
O evento é paralelo à reunião de cúpula dos chefes de Estado dos três países, que está sendo realizada em Brasília. Segundo Furlan, a aproximação empresarial vai estimular o fechamento de grandes acordos comerciais entre esses países nos próximos anos.
Combustíveis alternativos, como o etanol, os carros flex (movidos a gasolina e álcool), mineração, produtos agrícolas e farmacêuticos são as principais áreas de interesse do Brasil para parceiras no grupo.
Para uma platéia de 161 empresários e 55 integrantes do governo dos três países, o ministro brasileiro não perdeu a oportunidade de atuar como garoto propaganda. Furlan recomendou aos empresários que visitassem postos de gasolina de Brasília para ver como os consumidores brasileiros usam os carros flex. Não contente, mostrou um carro bicombustível para os ministros de Comércio da África do Sul e da Índia.
Furlan ressaltou que os dois países têm falta de petróleo e que o uso de combustíveis alternativos vai permitir a diminuição da dependência do produto. O Brasil tem uma fórmula que cria um grande volume de empregos, reduz a dependência de combustível fóssil e é renovável, enfatizou.
Para o ministro do Comércio e Indústria sul-africano, Mandisi Mpahlwa, os empresários não estão tirando benefício da complementaridade que existe entre as três economias e, por isso, o comércio trilateral ainda é pequeno. Segundo ele, a criação desse bloco gigante abre espaço para que os três países ocupem nichos de mercado internacionais, em setores como o aeroespacial e farmacêutico. Se fizéssemos juntos as coisas que hoje estamos fazendo individualmente, teríamos resultados muito mais rápidos, argumentou. Não somos só concorrentes. Há áreas que podemos cooperar.
GLOBALIZAÇÃO
O ministro do Comércio e Indústria da Índia, Kamal Nath, destacou que a geografia e as distâncias não ditam mais as regras comerciais. Há 15 anos, quando estive aqui, o Brasil parecia tão distante, lembrou, ressaltando que o desafio agora no mundo globalizado é ampliar a cooperação sul-sul entre os três países, expandindo o comércio trilateral e atuando conjuntamente para eliminar as barreiras comerciais.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Moreira Ferreira, enfatizou que é preciso aprofundar os acordos do Mercosul com esses países, aumentando a chamada cooperação sul-sul. Temos grandes oportunidades de negócios ainda não exploradas, disse Ferreira.