A produção brasileira de álcool combustível na safra que se inicia no próximo mês deverá chegar a 20 bilhões de litros, 12,3% acima da safra 2006/07, quando foram processados 17,8 bilhões de litros, prevê o Ministério da Agricultura. O prognóstico, porém, é impreciso, uma vez que os especialistas aguardam ainda o período de estiagem para confirmar o rendimento da cana e seu aproveitamento para a produção de etanol.
Caso se confirme a previsão para a safra 2007/08, o volume das exportações do combustível deverá superar apenas levemente os embarques de 3,5 bilhões de litros realizados no período anterior. A maior parte desse total deverá ser enviada aos Estados Unidos, que no ano passado adquiriram 2 bilhões de litros, 1,7 bilhão dos quais, onerada pelo US$ 0,54 o galão, correspondente à sobretaxa imposta por aquele país ao produto brasileiro.
Serão com esses números que o Conselho Interministerial de Açúcar e do Álcool (Cima) espera avaliar a conveniência de restabelecer a mistura de álcool anidro na gasolina na proporção de 25%, informou o diretor de Álcool e Agroener-gia do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan. A reunião deverá ocorrer nos próximos 15 dias.
Atualmente, o produto é misturado à gasolina na proporção de 23%. Há um ano, com a redução dos estoques do combustível nas usinas e diante dos sucessivos reajustes do preço no mercado doméstico, o Cima decidiu reduzir a participação do etanol para 20%, o que causou crescimento da oferta de álcool hidratado, aquele usado pelos veículos flex fuel.
Com oferta adequada do biocombustível, a maior participação de álcool na gasolina torna-se conveniente, afirma Bressan. O álcool é mais barato e dá significativa contribuição ao meio-ambiente, porque reduz a emissões de carbono na atmosfera. Cria ainda um mercado cativo para a produção nacional, proporcionando um equilíbrio entre a oferta e a procura por etanol, garantindo rentabilidade adequada para as usinas.
Desafio
Bressan fez ontem palestra no seminário internacional Sugar and Ethanol Brazil, promovido em São Paulo pela F.O. Lichts e pela AgraFNP. Para o diretor de Álcool e Açúcar do Mapa, atender à demanda mundial será um desafio. O consumo mundial de combustíveis beira os 2,4 trilhões de litros, segundo estudo que está em elaboração no Ministério da Agricultura. Se os governos de todos os países do planeta decidirem misturar 2% de álcool à gasolina, um percentual considerado insuficiente para melhorar a qualidade da atmosfera, a produção de etanol deveria chegar a 50 bilhões de litros.
A oferta atual de biocombustível não está muito distante disso, lembra Bressan. A soma da produção do Brasil à dos Estados Unidos está próxima dos 40 bilhões de litros. Mas a demanda mundial deverá ser bem acima disso, porque as metas de cada país nunca são inferiores a 5% do que consomem de diesel e gasolina. Segundo Bressan, o único país com área disponível para atender essa demanda é o Brasil.