Mercado

País cresce nos EUA via etanol e pequenas, aposta Lampreia

O futuro da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos está no etanol e na entrada de pequenas empresas brasileiras na economia mais forte do mundo. Esta é a saída apontada por Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Para ele, os dois países deveriam ter uma relação mais proveitosa, por se tratarem de duas potências, uma mundial e outra regional. “E esse é o momento para melhorar esse entendimento, até porque o Brasil ganhou força com a crise, e pode falar de igual para igual com os americanos.”

Lampreia afirma que as pequenas e médias empresas brasileiras podem explorar alguns setores específicos no mercado americano. “Por exemplo, muitos fabricantes de produtos para odontologia estão indo para lá, e conseguem bons resultados”, conta o ex-ministro.

E os números mostram que a relação entre os dois países piorou . Historicamente, os Estados Unidos sempre foram os maiores compradores de produtos brasileiros. Mas recentemente, os americanos perderam esse posto para a China. Neste ano, até maio, as exportações de produtos brasileiros para o mercado americano somaram US$ 5,947 bilhões. Já para a China, foram US$ 7,686 bilhões em exportações.

Questionado sobre uma possível preferência do governo brasileiro em ampliar suas relações com emergentes, especialmente Rússia, Índia e a própria China, em detrimento dos Estados Unidos, Lampreia afirma que não acredita nessa hipótese. “Os Estados Unidos sempre foram e vão continuar sendo um parceiro importantíssimo. Acredito que o governo está atuando para aprimorar as relações.”

Outro ponto importante que vai nortear o futuro dos negócios entre Brasil e EUA é o etanol. Segundo Paulo Sotero, diretor do Instituto Brasil do Woodrow Wilson International Center for Scholars, as oportunidades vão se abrir assim que a economia americana voltar a crescer. “Eles tem um tratado que limita a produção de etanol de milho no país. E eles estão muito próximos de atingir esse limite. A partir de então, terão que derrubar as barreiras tarifárias, e importar etanol de cana do Brasil”, projeta.

Para Lampreia, também existe a pressão de outros setores que impedem que os produtores americanos se voltem totalmente para o etanol de milho. “Uma eventual opção por priorizar o etanol traria dificuldades para várias indústrias, como a alimentícia, redes de fast-food, e até mesmo outros setores que utilizam o milho como matéria prima. Então, o Brasil deve prestar atenção nesta movimentação, pois pode nos ser muito favorável.”

Troca de moedas

O Banco Central do Brasil e o Federal Reserve (FED, o Banco Central dos Estados Unidos) anunciaram ontem que a linha de swap (troca, em inglês) de dólares americanos por reais foi estendida até 1º de fevereiro de 2010.

O acordo de swap de moedas com o FED é parte da estrat égia de atuação do Banco Central para combater os efeitos da crise financeira internacional na economia brasileira. A validade da linha já havia sido prorrogada de 30 de abril deste ano para 30 de outubro de 2009. O montante total de linha é de US$ 30 bilhões. Com isso, o Brasil cria uma proteção contra variações cambiais abruptas no mercado internacional.

Segundo o BC, o anúncio de hoje inclui também os acordos de swaps recíprocos de moedas entre o Federal Reserve e o Banco da Reserva da Austrália, o Banco do Canadá, a Autoridade Monetária de Cingapura, o Banco da Coreia, o Banco Nacional da Dinamarca, o Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra, o Banco do México, o Banco da Noruega, o Banco da Reserva da Nova Zelândia, o Banco Real da Suécia e o Banco Nacional Suíço.