A empresa investe US$ 110 milhões na construção da Oleoquímica, em Camaçari (BA). No início deste mês, Oxiteno, empresa do grupo Ultrapar, anunciou que está finalizando a terraplanagem do terreno onde será instalada a Oleoquímica, primeira indústria de álcoois graxos da América Latina. As obras de construção civil e as instalações começam no segundo semestre. A unidade deve entrar em operação em abril do ano que vem. A Oxiteno investe US$ 110 milhões na construção da fábrica em terreno de 100 mil m², ao lado da maior planta da empresa no Brasil, em Camaçari, na Bahia.
A Oleoquímica vai produzir 100 mil toneladas/ano de álcoois graxos, ácidos graxos e glicerina. “A nova fábrica possuirá a flexibilidade para optar entre a comercialização de álcoois ou ácidos graxos, atendendo a variação da demanda do mercado”, informa o diretor superintendente da Oxiteno, Pedro Wongtschowski.
Exportações
Maior consumidora de álcoois graxos do Brasil, a Oxiteno, com a iniciativa, vai deixar de importar o produto e passará a exportá-lo. De acordo com Wongtschowski, cerca de 25% do volume a ser produzido pela Oleoquímica vai suprir em 100% o consumo previsto da Oxiteno. “A produção local reduzirá o custo dos produtos oleoquímicos consumidos pela Oxiteno, e aumentará a receita do grupo”. A partir do início da operação, a Oleoquímica estará alocando em torno de 75% de sua produção para terceiros no mercado interno e externo.
Segundo Wongtschowski, quando em plena produção, a nova unidade deverá gerar um reforço de US$ 80 milhões ao ano no faturamento total da companhia. A nova unidade irá gerar em torno de 100 empregos entre diretos e indiretos.
Os álcoois graxos são normalmente utilizados como tensoativos nas formulações de xampus e detergentes líquidos, na forma de produtos etoxilados, etoxilados/sulfatados ou somente sulfatados. Possuem ainda aplicação direta nas formulações de cremes e condicionadores, além de outras aplicações industriais.
O novo empreendimento reforça a posição da Oxiteno no mercado de tensoativos, no qual já possui forte atuação com sua linha de álcoois etoxilados, álcoois sulfatados, álcoois etoxilados e sulfatados, nonilfenol etoxilado e betaínas. Também expande o atendimento aos crescentes mercados de cuidados pessoais e limpeza doméstica, com a adição de uma nova gama de produtos. A verticalização da matéria prima oleoquímica também é fator chave para o desenvolvimento de novos derivados nos laboratórios de P&D da Oxiteno.
Óleos vegetais
Para Wongtschowski, a Oleoquímica é um marco tecnológico para a Oxiteno. “Teremos uma linha completa de produtos suprida por matérias-primas renováveis, os óleos vegetais”. Segundo ele, é clara a tendência mundial de reduzir a dependência do petróleo nos setores de energia e químico. “Várias outras matérias-primas de origem vegetal e animal estão migrando parte de suas aplicações para estes setores”, diz.
Os óleos vegetais láuricos, que consistem principalmente em óleo de palmiste, óleo de coco e óleo de babaçu, serão as principais matérias-primas utilizadas na Oleoquímica. Wongtschowski explica que o fruto da palma, o dendê, produz dois tipos de óleos: o óleo de palma e o óleo de palmiste. “O óleo de palma é extraído da polpa e corresponde à 88% do volume total de óleo extraído e tem como aplicação principal o uso alimentício. Já o óleo de palmiste, matéria-prima a ser utilizada pela Oleoquímica, é extraído da amêndoa da palma e corresponde a 12% do volume total de óleo produzido”.
Pela composição de seus ácidos graxos, segundo Wongtschowski, o óleo de palmiste tem como principal aplicação seu processamento na indústria oleoquímica. “O óleo de palmiste é extraído da amêndoa da palma por esmagamento em prensas, depois é submetido a uma filtração para retirada das impurezas”. Ele informa que, por ainda não existir produção nacional suficiente, o suprimento inicial de óleos vegetais para a nova planta, será realizado principalmente por meio de importações.
Plantação de palma
Mas o superintendente da Oxiteno destaca que o plantio da palma é uma excelente opção para a fixação do homem no campo, em projetos de cooperativas e outros modelos de desenvolvimento rural.
“A plantação, colheita e beneficiamento são intensivos em mão de obra e geram empregos permanentes. A criação de uma nova demanda pela instalação da Oleoquímica, em Camaçari, deverá incentivar o incremento da produção regional de óleo de palmiste, o que por certo representará impacto social positivo, principalmente na Costa do Dendê”, prevê.
kicker: A Oleoquímica vai produzir 100 mil toneladas/ano de álcoois graxos, ácidos graxos e glicerina, a partir de óleo de palma