Mercado

Os preços do álcool

Com a maior frota de veículos per capita dentre as unidades da Federação, Brasília tende a refletir com maior intensidade os problemas relacionados ao abastecimento, ao consumo e aos preços dos combustíveis no País. É mais uma vez o que ocorre no momento, com a alta de preços decorrentes do custo do álcool combustível.

O litro do álcool virou o ano a um custo, para o Distrito Federal, de R$ 1,65. Deve chegar a R$ 2,35 nos primeiros dias de março, o que corresponde a um reajuste de 34,67%, avalia o presidente do Sinpetro-DF. A gasolina, com preços praticados em média a R$ 2,67, deve chegar a R$ 2,80. Em outras palavras, em apenas dois meses o seu preço apresentou uma significativa elevação para o brasiliense.

Reconhece-se que o problema básico está na pressão internacional sobre a produção de cana-de-açúcar. Sendo o álcool e o açúcar commodities com cotação no mercado externo, não seria de se imaginar que houvesse forma de conter os preços internamente. Isso só se faria mediante uma política de subsídios, o que não tem o menor sentido diante da atual realidade brasileira.

O governo não pode e não deve, porém, cruzar os braços. Para isso pesa a forte cartelização existente no setor, o que é particularmente visível na distribuição e na comercialização dos combustíveis no Distrito Federal. Uma vez mais assiste-se a uma suspeita coincidência nos reajustes aplicados nos postos da capital. Mais do que em qualquer outro centro urbano o controle dos pontos de venda é muito concentrada em Brasília, o que se nota agora com especial crueza.

De qualquer forma, um governo não pode abrir mão inteiramente de instrumentos para interferir nos preços. Mesmos nos países mais liberais planeja-se o abastecimento interno e executam-se políticas para evitar problemas como o atual. A administração limita-se hoje, porém, a pressionar segmentos do mercado sem medidas efetivas que resguardem o consumidor