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Os desafios da agricultura paulista

O agronegócio paulista é hoje responsável por um terço do agronegócio brasileiro, com uma participação que não pára de crescer. O valor da produção agropecuária do Estado de São Paulo atingiu mais de R$ 20 bilhões em 2002, um crescimento real de 7,41% em relação ao ano anterior. São Paulo está no topo da produção agrícola brasileira e é responsável por 15,6% do valor total, seguido pelo Rio Grande do Sul e Minas Gerais, ambos com 12,1%.

E tamanha importância só foi alcançada porque agregamos valor aos produtos da terra, incorporando o princípio de que o agronegócio é o negócio de São Paulo e do Brasil. Em nosso Estado, para cada R$ 1,00 produzido dentro da porteira, no final da cadeia de produção atinge-se R$ 10,30, valor que no início dos anos 70 chegava a R$ 5,20. É o maior indicador do agronegócio nacional.

E esse crescimento progressivo é o resultado de um esforço conjunto, de uma efetiva parceria das lideranças da agricultura, da pecuária, do setor agro-industrial, das cooperativas e associações rurais, dos trabalhadores, ou seja, da união de forças de cada um dos elos das cadeias produtivas.

O crescimento do agronegócio paulista é também fruto de uma política de investimentos voltada à modernização da infra-estrutura, do avanço tecnológico, da formação de mão-de-obra qualificada, da implantação de órgãos que ofereçam informações, orientações aos nossos agricultores, da preocupação do Estado quanto à sanidade de nossos rebanhos e da boa qualidade do que aqui se produz.

Exemplos dessa preocupação são programas como o das pontes metálicas para facilitar o escoamento nas zonas rurais, a recuperação das estradas vicinais, os galpões do agronegócio, medidas como a criação da Agência de Defesa Agropecuária e a implantação dos 15 pólos tecnológicos para distribuir a produção de pesquisa em todo o Estado, localizar os problemas e buscar suas soluções.

Há também os programas desenvolvidos pelo governo estadual, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que conseguiram estimular o agronegócio ao mesmo tempo em que combatem à fome e à pobreza. Foi desse pensamento que surgiram programas como o Bom Prato, onde uma refeição completa e balanceada é vendida a R$ 1,00, o programa Viva Leite, que distribui o produto gratuitamente a crianças e idosos de todo o Estado e o Alimenta São Paulo, de distribuição de cestas básicas a famílias sem renda.

No entanto, para uma produção agroindustrial da importância como a da paulista, os desafios não são menores. Será necessário traçar políticas que permitam o crescimento do emprego no setor, apesar do avanço tecnológico; ampliar o acesso de pequenos e médios produtores aos novos mecanismos de financiamento rural; garantir a renda do produtor; estimular as exportações; defender os produtos brasileiros frente aos países que subsidiam sua produção, estimular o agronegócio familiar; valorizar a pesquisa; adotar ações que garantam o aumento da competitividade de forma sustentável, preservando o meio ambiente; ampliar o projeto estadual de microbacias como instrumento da expansão da agricultura sustentável, gerando mecanismos de atuação descentralizada de educação tecnológica com ONGs, associações e cooperativas.

E a nossa tarefa à frente desta secretaria será a buscar meios para estimular aquele que planta, o que transforma, o que comercializa, que participa de cada uma das etapas da produção, sem saber quem, bem longe da porteira, vai fazer uso da colheita. Como bem disse o saudoso governador Mário Covas, “enganam-se os que tentam semear desesperança em terras paulistas”. São Paulo é terra fértil, de onde continuará brotando o desenvolvimento do Estado e do Brasil.

Duarte Nogueira é Engenheiro agrônomo e secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento – [email protected]

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