Vale dizer que a lisura não se medirá apenas pelas demonstrações transparentes das despesas. Será avaliada, também, pela clareza das mensagens e conteúdo das propostas a serem apresentadas aos eleitores.
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OPINIÃO: Aritmética da cidadania
João Guilherme Sabino Ometto*
Considerando as projeções do IBGE, de que a população de nosso país é de 208 milhões de habitantes, cada brasileiro está contribuindo, em média, com R$ 8,22 para a composição do fundo público de R$ 1,71 bilhão destinado ao financiamento das campanhas eleitorais em 2018.
Com esse dinheiro, tendo como referência o custo oficial do Ministério da Educação para cada aluno no presente ano letivo, seria possível manter 595 mil estudantes na rede pública.
É algo muito significativo se levarmos em conta que ainda temos dois milhões de crianças e jovens fora das escolas.
O exemplo da área do ensino é emblemático para deixar clara a responsabilidade dos partidos políticos perante a sociedade na gestão dos recursos do Fundo Eleitoral.
Levando em conta que a sua criação tem um aspecto democrático importante no sentido de mitigar o poder econômico nas eleições e que ele substitui o financiamento empresarial, objeto de numerosos episódios de corrupção, é de se esperar que a ética seja a marca registrada da campanha este ano.
A população brasileira, ainda atordoada em meio a tantos escândalos, não aceita mais a improbidade e a negligência na área estatal e na sua interação com alguns segmentos da iniciativa privada.
Por isso, os políticos que se apresentarem como candidatos este ano precisam estar conscientes de que os 208 milhões de habitantes de nosso país querem e necessitam de uma nova atitude por parte dos postulantes aos cargos do Executivo e do Legislativo.
O dinheiro que cada um de nós está colocando no Fundo Eleitoral precisa produzir uma campanha limpa e clara. Além de conhecer os programas de cada partido e candidato, queremos saber, ainda, como os novos governantes e parlamentares equacionarão o rombo fiscal e qual a sua visão e metas para que sejam concluídas as reformas estruturais, como a previdenciária, a tributária e a política.
As eleições deste ano, depois de todas as dificuldades que o País tem enfrentado, são decisivas para que tenhamos uma agenda focada no crescimento econômico sustentado, na inclusão social e na solução de problemas crônicos.
O exercício do voto será crucial para o presente e o futuro das crianças e jovens que estão fora da escola, dos pais e mães de famílias desempregados, dos idosos ameaçados pelas incertezas da previdência, das vítimas da criminalidade, dos excluídos e dos empresários que lutam para manter seus negócios, gerar empregos e renda.
Assim, que seja bem usado nas campanhas eleitorais o dinheiro entregue aos partidos pela sociedade.
Os brasileiros querem e merecem subsídios concretos para o exercício do voto!
*Engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos – EESC/USP), é presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho e membro da Academia Nacional de Agricultura