Mercado

Opep procura consenso para elevar produção e conter escalada altista

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) pretende elevar sua produção na tentativa de dar fim à disparada dos preços da commodity.

“Há consenso entre todos nós de que precisamos elevar a produção em 500 mil barris/dia ou mais”, disse ontem o ministro kuwaitiano e presidente da Opep, xeque Ahmad Fahd al-Sabah, em Ispahan, no Irã. Um comitê de três ministros, entre os quais ele próprio, recomendou que o aumento da produção comece em 1° de maio, disse Ahmad.

O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, propôs anteontem um aumento das cotas de produção em 500.000 barris/dia, ou 1,9%, o que gerou objeções de países como Líbia, Catar, Indonésia e Irã. Atualmente, a meta de produção de petróleo da Opep é de 27 milhões de barris/dia. A organização se reunirá formalmente hoje em Ispahan.

Ao elevar a produção, a Opep evitaria uma repetição dos eventos do ano passado, quando a organização demorou muito para reagir à alta da demanda, o que fez os contratos futuros de petróleo atingirem sua cotação recorde, de US$ 55,67 o barril em Nova York.

Os preços mais altos do petróleo fizeram os 30 países membros da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) reduzirem sua previsão de crescimento para este ano para 2,9%, marca 0,4 ponto percentual inferior à estimativa anterior.

“O aumento da produção é um pouco como uma faca de dois gumes”, disse Kevin Norrish, analista do Barclays Capital, de Londres. “O mercado está operando com níveis muito baixos de capacidade ociosa e, quanto mais a Opep aumentar sua produção, menos capacidade ociosa teremos para lidar com problemas de fornecimento. Aumentar a produção pode fazer o mercado ficar mais receoso.”

Segundo o ministro saudita, o aumento da produção é uma medida preventiva, pois a demanda por óleo no quarto trimestre deste ano será superior à do terceiro em mais de 2 milhões de barris/dia.

Hoje, “a oferta está um pouco à frente da demanda. No entanto, sempre que fazemos previsões para o quarto trimestre, observamos uma alta substancial entre o terceiro e o quarto trimestres”, disse al-Naimi. “Acreditamos que é necessário produzir mais petróleo bruto. O quanto mais, ainda não sabemos. Estamos dispostos a contribuir com outros colegas.”

EUA pressionam

Funcionários americanos de alto escalão pediram aos ministros da Opep que façam o possível para “tranqüilizar” os mercados, indicou ontem em Ispahan o ministro argelino de petróleo, Chakib Khalil. Ele considerou “normais” os pedidos, às vésperas da reunião do cartel, num contexto de elevadas cotações internacionais da commodity.

“Todos no cartel receberam ligação dos americanos, que nos incentivam a fazer a nossa parte para acalmar os mercados”, disse Khalil. Desta vez, os pedidos dos EUA não foram mais insistentes que o habitual, acrescentou. “Eles (Estados Unidos) prefe-rem que os preços sejam muito baixos e eu também. Mas não temos o mesmo conceito de preços.”