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Ondas de calor impactam atividade agrícola

O aumento das ondas de calor no mundo influenciam diretamente a atividade agrícola com crescimento do registro de secas intensas ou chuvas em excesso. A afirmação é de Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia. “É um aspecto crítico porque a atividade demora para se adaptar. O impacto é muito maior em função das ondas de calor do que em relação ao aumento da temperatura”, exemplifica.

Alguns dos principais especialistas climáticos norte americanos também acreditam que a onda de calor é causada, pelo menos em parte, pelas mudanças climáticas globais. Outros, entretanto, discordam e dizem que ainda é muito cedo para colocar a culpa nas mudanças climáticas.

Já Carlos Nobre chama a atenção para a mudança de clima em várias partes do país, onde chove, por exemplo, mais de 50 mm por dia. “Já é uma coisa do dia a dia acompanhar as chuvas intensas no sudeste de São Paulo e Rio de Janeiro. Deixou de ser uma situação anormal. No Brasil, as inundações são o principal desastre natural. As fatalidades já acontecem em maior número, com os deslizamentos”, explica.

Segundo ele, essa “normalidade” não se refere à perda de vidas humanas, mas ao desastre em si. “Estudos revelam que todas as concentrações atmosféricas dos gases do efeito estufa vêm aumentando e isso provoca, entre outras consequências, aumento da temperatura, elevação do nível do mar e redução da neve no hemisfério norte”, lembra.

Nobre, que também preside a Comissão de Coordenação de Atividades de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia (CMCH) do ministério, afirma que isso não é uma prova absoluta, mas as estatísticas mostram que os desastres estão acontecendo com mais frequência, sem dúvidas.