Ao contrário da produção maior que a demanda observada atualmente no mercado global de açúcar, a Organização Internacional do Açúcar (OIA) prevê que o setor passará a sofrer com déficit do produto a partir da próxima safra. Em relatório divulgado nesta sexta-feira (22/5) na capital britânica, a organização prevê que o consumo superará a oferta nas safras 2015/2016 e também em 2016/2017.
Em relatório trimestral sobre o mercado da commodity, a entidade trouxe “avaliações preliminares sobre os fundamentos do mercado nas próximas duas safras”. Sem dar mais detalhes sobre as estimativas, o relatório cita que “na safra 2015/2016 um déficit global de cerca de 2,3 milhões de toneladas aparece no cenário”.
Sobre o ciclo seguinte, em 2016/2017, o cenário de falta de produto parece ainda mais agudo. “Assumindo o aumento da demanda global de açúcar no patamar de 3,7 milhões de toneladas, mas sem elevação considerável no nível de produção, um déficit de larga escala de cerca de 6 milhões de toneladas pode surgir”, diz o documento.
“Nossas previsões são baseadas na expectativa de condições climáticas normais em todos os produtores. O açúcar é uma commodity agrícola e, a despeito de todos os avanços tecnológicos, o clima desfavorável pode gerar impacto severo na produção até mesmo nos mercados mais eficientes”, nota o relatório da OIA, que comenta que o rendimento da produção pode “variar substancialmente de ano para ano apenas pela mudança no clima”.
Sobre eventual impacto do efeito climático El Niño, a entidade diz acreditar que “ainda é muito cedo para quantificar completamente os possíveis efeitos negativos na produção global de açúcar”.
A Organização Internacional do Açúcar (OIA) atualizou o cenário para a commodity na atual safra e a entidade prevê que o mercado global deverá ter oferta maior que a demanda equivalente a 2,215 milhões de toneladas na safra 2014/2015. Confirmado, será o quinto ciclo seguido de excesso na oferta da commodity. No Brasil, são esperadas 35,445 milhões de toneladas produzidas e consumo de 12,288 milhões de toneladas, diz a OIA.
O relatório nota que a atual safra já passou da metade e “algumas surpresas” foram registradas. A OIA destaca especialmente a produção na Índia e Tailândia, onde os resultados são “significativamente maiores que o esperado anteriormente”. Em compensação, há “queda da safra no Brasil e na China, primeiro e terceiro maiores produtores do mundo”. “Como resultado, a produção global deve crescer 2,646 milhões de toneladas e alcançar 173,634 milhões de toneladas”, diz o relatório.
Em contrapartida, o consumo deve crescer 2,14% na comparação com o ciclo passado – em linha com o ritmo observado nos últimos cinco anos de 2,06% – e alcançará 171,419 milhões de toneladas. Dessa forma, a entidade prevê que o mercado mundial de açúcar deverá registrar superávit pelo quinto ciclo consecutivo. Apesar do superávit previsto de mais de 2 milhões de toneladas na atual safra, a OIA diz que os estoques não devem registrar mudança substancial.
“A relação entre estoques e o consumo deverá ficar menor que no ciclo passado, mas ainda segue elevada”, diz o relatório. Para a atual safra, a OIA estima relação estoque/consumo em 47,74%. Na safra anterior, o indicador estava em 48%.
Fonte: (Globo Rural)