Mercado

Ofensiva do etanol brasileiro nos EUA

Apesar de o presidente Barack Obama demonstrar em sua proposta orçamentária para 2011 a intenção de manter incentivos fiscais para o etanol do milho, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) segue firme em sua proposta de convencer os consumidores americanos sobre os benefícios do combustível brasileiro. A intenção é que a opinião publica contribua para que a barreira tarifária ao etanol da cana, de R$ 0,54 por galão, não seja renovada. A taxação expira em 31 de dezembro. Para isso, a Unica começou ontem uma campanha que pretende mostrar a população americana os benefícios do combustível da cana. A investida parece já ter se transformado em mais uma árdua batalha. Mal a campanha brasileira ganhou as ruas de Washington, os produtores de milho já deram o troco. Os US$ 200 mil! que a indústria nacional pretende investir em sua propaganda ficaram pequenos perto dos US$ 6 milhões que os produtores de milho anunciaram que vão desembolsar em uma campanha nas redes de televisão, espécie de contra-ataque, para manter seus benefícios e permanência majoritária no mercado.

Ainda assim, o representante e chefe da Unica nos Estados Unidos, Joel Velasco enfatiza que os argumentos brasileiros são bastante fortes. Segundo ele, na campanha que começou ontem estão sendo ressaltados para o consumidor americano três pontos principais: os benefícios ambientais da cana-de açúcar em relação à gasolina, sua vantagem econômica, já que o produto brasileiro chega a custar por litro, US$ 0,50 mais barato, além da diversificação da matriz energética. “Queremos mostrar que, com a ampliação do uso do etanol, os Estados Unidos se tornam menos dependentes da importação do petróleo”, ressalta.

No ano passado, as exportações brasileiras para os Estados Unidos foram reduzid! as em cerca de 30%, somando cerca de 1 bilhão de litros de etanol. “O crescimento desse volume depende realmente do fim da barreira tarifária. Nos Estados Unidos o petróleo não é taxado”, comenta Simone Scudero, diretora de estudos de mercado da All Consulting. Para Luiz Custódio Martins, presidente do Sindicato da indústria da Fabricação do Álcool de Minas Gerais (Siamig), sem a taxação, que atinge 0,54 por galão, mais 2,5% sobre o volume total exportado, o álcool brasileiro consegue ser competitivo, mesmo com a manutenção do subsídio do governo americano aos seus produtores.. “O presidente Obama tem forte ligação com a região produtora de milho. Para nós, o subsidio é uma decisão dos americanos que não interfere na competitividade. O mais importante é lutar para que a tarifa não seja renovada. A campanha é um importante passo para isso.”

Para Joel Velasco o embate no Congresso só deverá ser concluído no apagar das luzes do ano, e qualquer proposta de renovação dos subsídios pode não ser aceita. Na prática, além da taxação ao produto nacional, os produtores de milho recebem o incentivo de US$ 0,45 por galão. No ano passado, a produção americana foi de 12 bilhões de galões. O Brasil este ano deve produzir 27 bilhões de litros de etanol. Para o representante da Unica, já em 2011 o país teria capacidade produtiva para exportar aos Estados Unidos 2 bilhões de litros do produto, o dobro vendido no ano passado.

A ideia da Unica de conscientizar o consumidor nasceu a partir dos resultados de uma pesquisa de opinião. O estudo demonstrou que o consumidor americano, país onde 92% da frota de veículos leves é movida a gasolina, conhece pouco o etanol, seja ele fabricado a partir da cana-de-açúcar ou do milho. A campanha educativa inclui um novo website – www.sweeteralternative.com – e anúncios em veículos on-line, impressos e em rádio. O Brasil também é patrocinador oficial da Fórmula Indy que este ano, com exceção da corrida de Iowa, vai ser 100% movida! pelo etanol brasileiro.